segunda-feira, 29 de agosto de 2011

POLÍTICAS DE INCLUSÃO: GERENCIANDO OS RISCOS E GOVERNANDO AS DIFERENÇAS


Políticas de Inclusão: gerenciando os riscos e governando as diferenças", foi lançado em agosto de 2011 na UFRGS e é organizado por Adriana Thoma e Betina Hillesheim. Ele reúne uma coletânea de textos que se dedicam a discutir a temática da inclusão escolar para além das marcas no corpo. Isso pressupõe compreender que falar em inclusão escolar, não significa apenas falar em crianças com necessidades educacionais especiais e sim discutir sobre uma série de diferenças que se colocam todos os dias no cotidiano da escola: diferenças de classe social, de raça e etnia, de formas de aprender e conviver, entre outras.
Alguns artigos que compõem o livro:


- Políticas de inclusão e governamentalidade - Maura Corcini Lopes

- Saberes morais, psicológicos, médicos e pedagógicos e seus efeitos na inclusão escolar - Kamila Lockmann  e Clarice Salete Traversini

 - Governando “sujeitos-especiais” através dos pareceres descritivos - Mozart Linhares da Silva e Raquel Fröhlich

- Escola e governamento das diferenças: a inclusão do aluno com deficiência visual - Reginaldo da Silva Soares e Betina Hillesheim

-  O estatuto da igualdade racial: um olhar sobre a in/exclusão no Brasil -Mozart Linhares da Silva e Cristiane Becker Beise

O livro pode ser adquirido no site da Editora Edunisc. O link segue abaixo:

sábado, 27 de agosto de 2011

AS CRISES E SEUS CICLOS

A periodicidade das crises do capital é cada vez menor. Pergunta-se: quando elas se tornarão mensais, semanais ou diárias? Quem se atreve a garantir que isso é impossível?
 
Luiz Carlos Correa Soares,
da direção do Sindicato dos Engenheiros do Paraná (Senge-PR)

Desde o século 19, pensadores como Karl Marx (1818 - 1883), o economista francês Clement Juglar (1819-1905), o economista marxista russo Nicolai Kondraitieff (1892-1938), o economista austríaco Joseph Schum­peter (1883-1950), têm se dedicado ao estudo das crises do sistema capitalista. E bem assim, muitos outros, como o nosso Ignácio Rangel (1914 –1994) e, mais recentemente, o canadense Iam Gordon.
É notório – e os estudos de Kodraitief e Gordon demonstram isso -, há fortíssima correlação entre as crises e as guerras, tanto as grandes guerras como as “menores”, principalmente aquelas em que os EUA são participantes destacados. A razão é óbvia: as guerras, em todos os tempos, sempre serviram para consolidar o poder econômico e político dos dominantes. No período do predomínio do capitalismo as guerras têm tido uma dupla finalidade adicional: obter vantagens diretas com a venda de instrumentos de guerra cada vez mais sofisticados e - após a destruição realizada -, com a reconstrução dos escombros!
Dentre os fatos econômicos e políticos relevantes ocorridos no período que vai desde o inicio do século 18 até os dias de hoje - conforme estudo que se encontra mais detalhado no meu livro Capitalismo Terminal, recentemente publicado – ocorreram várias crises, sendo que a primeira crise econômica e financeira se deu em 1720, na Inglaterra, produzida por uma onda especulativa que decretou a quebra de uma companhia marítima e do banco Law.A segunda ocorreu um século e meio depois, de 1873 a 1896, cujo estopim foi o colapso da Bolsa de Viena e produziu a primeira grande depressão. As consequências principais foram falências de bancos europeus e norte-americanos, o desemprego, a pobreza, a miséria, isto é, o de sempre!
Daí em diante, os períodos entre as crises foram se estreitando cada vez mais. Assim, tivemos a crise de 1882, na França - ainda dentro da grande depressão de 1873/96 – com a quebra do Banco Unión Gènérale e queda nas Bolsas de Valores de Paris e Lion.
Em 1907, após vinte e cinco anos, empréstimos sem limitação produziram um efeito dominó com queda de ações e até ameaça de falência da Prefeitura de Nova York.
Depois de vinte e dois anos, em 1929, ocorreu uma grande onda especulativa que produziu a crise mais analisada e comentada até hoje. Suas consequências se estenderam pela década de 1930, inclusive o início da 2ª Guerra Mundial. Em 1973, com a criação da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ocorreu um grande e rápido aumento dos preços do petróleo e a chamada crise do petróleo.
Em 1981, uma crise iniciada nos EUA repercutiu fortemente na América Latina, inclusive no Brasil. Decorridos seis anos, em 1987, gastos excessivos do governo americano produziram uma bolha especulativa que produziu quedas recordes nas bolsas americanas, com reflexos no mundo todo.
Em 1994 deu-se a crise do México, a qual teve como maior conseqüência a “compra” daquele país e a expropriação de suas reservas petrolíferas. Em 1997, foi o caso da chamada crise asiática, repicada pela crise da russa, em 1998. Em 2000 estourou a bolha internética, com a crise das chamadas “empresas ponto com”. No ano seguinte aconteceu o terrível onze-de-setembro. Em 2001, foi a vez da crise argentina, ainda como decorrência dos desmandos do governo Menen.
A crise de 2008, apesar de facilmente previsível, teve gravidade, profundidade e abrangência bem maiores do que as últimas precedentes. Aliás, perdura até hoje, aos “solavancos” e sempre ameaçadora, como está mais do que evidenciado neste momento.
Pela seqüência acima, constata-se que no período de dois séculos e meio, isto é, até meados dos anos 1970, ocorreram seis crises. No período subsequente, de apenas três décadas, denominado neoliberal, ocorreram oito! Assim, a periodicidade das crises do capital é cada vez menor. Pergunta-se: quando elas se tornarão mensais, semanais ou diárias? Quem se atreve a garantir que isso é impossível?
Para completar esta análise, vamos examinar brevemente algumas teorias a respeito dos ciclos, cujo exemplo físico, clássico, é o movimento pendular.
Quanto aos ciclos econômicos, algumas teorias têm mostrado que, independentemente de suas dimensões e épocas, eles obedecem a uma seqüência de seis etapas que podem ser assim sintetizadas: 1. transição do velho para o novo; 2. infância do ciclo; 3. maturidade do ciclo; 4. auto-questionamento e ajustes; 5. envelhecimento do ciclo; 6. transição para o “novo” novo.
Pela análise aqui procedida, tudo indica que o sistema capitalista está entre as fases 5 e 6, ou seja, caminhando rapidamente para o final de sua existência. E, de modo concomitante, está sendo gestado um “novo novo” modelo realmente humano, social, ecológico, político e econômico. Nessa ordem de prevalências. Todavia, ele está ainda em estado utópico (do grego ‘u topos’ = fora de lugar). Em outras palavras, ele já existe sem estar totalmente visível. E apenas pode ser perceptível a olhares muito atentos, destituídos das viseiras impostas pelo status quo ideológico vigorante no nosso cotidiano.
Nesse sentido, todo o esforço que vem sendo feito para manter o “doente na UTI”, sob a esperança de uma última tentativa de “ressuscitação”, tem tudo para ser inútil. Por quê?
Porque é possível enganar algumas pessoas por muito tempo ou várias pessoas por algum tempo, porém jamais todas as pessoas todo o tempo. Além disso, o “quádruplo processo matastásico e septicêmico” que o capitalismo auto-desenvolveu – dominação, exploração, ganância e exclusão desenfreadas – fatalmente o levará à morte.
E que isso ocorra já, agora, deve ser desejo e meta de todos os explorados que habitam o nosso Planeta Terra!
“Explorados, uni-vos”...!

O BRASILEIRO COME VENENO

O documentarista Silvio Tendler fala sobre seu filme/denúncia contra os rumos do modelo adotado na agricultura brasileira
 Aline Scarso,
da Redação


Silvio Tendler é um especialista em documentar a história brasileira. Já o fez a partir de João Goulart, Juscelino Kubitschek,Carlos Mariguela, Milton Santos, Glauber Rocha e outros nomes importantes. Em seu último documentário, Silvio não define nenhum personagem em particular, mas dá o alerta para uma grave questão que atualmente afeta a vida e a saúde dos brasileiros: o envenenamento a partir dos alimentos.
Em "O veneno está na mesa", lançado na segunda-feira (25) no Rio de Janeiro, o documentarista mostra que o Brasil está envenenando diariamente sua população a partir do uso abusivo de agrotóxicos nos alimentos. Em um ranking para se envergonhar, o brasileiro é o que mais consome agrotóxico em todo o mundo, sendo 5,2 litros a cada ano por habitante. As consequências, como mostra o documetário, são desastrosas.
Em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, Silvio Tendler diz que o problema está no modelo de desenvolvimento brasileiro. E seu filme, que também é um produto da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida, capitaneada por uma dezena de movimentos sociais, nos leva a uma reflexão sobre os rumos desse modelo. Confira.
Brasil de Fato Você que é um especialista em registrar a história do Brasil, por que resolveu documentar o impacto dos agrotóxicos sobre a agricultura e não um outro tema nacional?
Silvio Tendler – Porque a partir de agora estou querendo discutir o futuro e não mais o passado. Eu tenho todo o respeito pelo passado, adoro os filmes que fiz, adoro minha obra. Aliás, meus filmes não são voltados para o passado, são voltados para uma reflexão que ajuda a construir o presente e, de uma certa forma, o futuro. Mas estou muito preocupado. Na verdade esse filme nasceu de uma conversa minha com [o jornalista e escritor] Eduardo Galeano em Montevidéu [no Uruguai] há uns dois anos atrás, em que discutíamos o mundo, o futuro, a vida. E o Galeano estava muito preocupado porque o Brasil é o país que mais consumia agrotóxico no mundo. O mundo está sendo completamente intoxicado por uma indústria absolutamente desnecessária e gananciosa, cujo único objetivo realmente é ganhar dinheiro. Quer dizer, não tem nenhum sentido para a humanidade que justifique isso que está se fazendo com os seres humanos e a própria terra. A partir daí resolvi trabalhar essa questão. Conversei com o João Pedro Stédile [coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra], e ele disse que estavam preocupados com isso também. Por coincidência, surgiu a Campanha permanente contra os Agrotóxicos, movida por muitas entidades, todas absolutamente muito respeitadas e respeitáveis. Fizemos a parceria e o filme ficou pronto. É um filme que vai ter desdobramentos, porque eu agora quero trabalhar essas questões.
Então seus próximos documentários deverão tratar desse tema?
Pra você ter uma ideia, no contrato inicial desse documentário consta que ele seria feito em 26 minutos, mas é muita coisa pra falar. Então ficou em 50 [minutos]. E as pessoas quando viram o filme, ao invés de me dizerem ‘está muito longo’, disseram ‘está curto, você tem que falar mais’. Quer dizer, tem que discutir outras questões, e aí eu me entusiasmei com essa ideia e estou querendo discutir temas conexos à destruição do planeta por conta de um modelo de desenvolvimento perverso que está sendo adotado. Uma questão para ser discutida de forma urgente, que é conexa a esse filme, é o agronegócio. É o modelo de desenvolvimento brasileiro. Quer dizer, porque colocar os trabalhadores para fora da terra deles para que vivam de forma absolutamente marginal, provocando o inchaço das cidades e a perda de qualidade de vida para todo mundo, já que no espaço onde moravam cinco, vão morar 15? Por que se plantou no Brasil esse modelo que expulsa as pessoas da terra para concentrar a propriedade rural em poucas mãos, esse modelo de desenvolvimento, todo ele mecanizado, industrializado, desempregando mão de obra para que algumas pessoas tenham um lucro absurdo? E tudo está vinculado à exploração predatória da terra. Por que nós temos que desenvolver o mundo, a terra, o Brasil em função do lucro e não dos direitos do homem e da natureza? Essas são as questões que quero discutir.
Você também mostrou que até mesmo os trabalhadores que não foram expulsos do campo estão morrendo por aplicar em agrotóxicos nas plantações. O impacto na saúde desses agricultores é muito grande...
É mais grave que isso. Na verdade, o cara é obrigado a usar o agrotóxico. Se ele não usar o agrotóxico, ele não recebe o crédito do banco. O banco não financia a agricultura sem agrotóxico. Inclusive tem um camponês que fala isso no filme, o Adonai. Ele conta que no dia em que o inspetor do banco vai à plantação verificar se ele comprou os produtos, se você não tiver as notas da semente transgênica, do herbicida, etc, você é obrigado a devolver o dinheiro. Então não é verdade que se dá ao camponês agricultor o direito de dizer ‘não quero plantar transgênico’, ‘não quero trabalhar com herbicidas’, ‘quero trabalhar com agricultura orgânica, natural’. Porque para o banco, a garantia de que a safra vai vingar não é o trabalho do camponês e a sua relação com a terra, são os produtos químicos que são usados para afastar as pestes, afastar pragas. Esse modelo está completamente errado. O camponês não tem nenhum tipo de crédito alternativo, que dê a ele o direito de fazer um outro tipo de agricultura. E aí você deixa as pessoas morrendo como empregadas do agronegócio, como tem o Vanderlei, que é mostrado no filme. Depois de três anos fazendo a tal da mistura dos agrotóxicos, morreu de uma hepatopatia grave. Tem outra senhora de 32 anos que está ficando totalmente paralítica por conta do trabalho dela com agrotóxico na lavoura do fumo.
A impressão que dá é que os brasileiros estão se envenenando sem saber. Você acha que o filme pode contribuir para colocar o assunto em discussão?
Eu acho que a discussão é exatamente essa, a discussão é política. Eu, de uma certa maneira, despolitizei propositadamente o documentário. Eu não queria fazer um discurso em defesa da reforma agrária ou contra o agronegócio para não politizar a questão, para não parecer que, na verdade, a gente não quer comer bem, a gente quer dividir a terra. E são duas coisas que, apesar de conexas, eu não quis abordar. Eu não quis, digamos assustar a classe média. Eu só estou mostrando os malefícios que o agrotóxico provoca na vida da gente para que a classe média se convença que tem que lutar contra os agrotóxicos, que é uma luta que não é individual, é uma luta coletiva e política. Tem muita gente que parte do princípio ‘ah, então já sei, perto da minha casa tem uma feirinha orgânica e eu vou me virar e comer lá’, porque são pessoas que têm maior poder aquisitivo e poderiam comprar. Mas a questão não é essa. A questão é política, porque o agrotóxico está infiltrado no nosso cotidiano, entendeu? Queira você ou não, o agrotóxico chega à sua mesa através do pão, da pizza, do macarrão. O trigo é um trigo transgênico e chega a ser tratado com até oito cargas de pulverizador por ano. Você vai na pizzaria comer uma pizza deliciosa e aquilo ali tem transgênico. O que você está comendo na sua mesa é veneno. Isso independe de você. Hoje nada escapa. Então, ou você vai ser um monge recluso, plantando sua hortinha e sua terrinha, ou se você é uma pessoa que vai ficar exposta a isso e será obrigada a consumir.
Como você avalia o governo Dilma a partir dessa política de isenção fiscal para o uso de agrotóxico no campo brasileiro?
Deixa eu te falar, o governo Dilma está começando agora, não tem nenhum ano, então não dá para responsabilizá-la por essa política. Na verdade esse filme vai servir de alerta para ela também. Muitas das coisas que são ditas no filme, eles [o governo] não têm consciência. Esse filme não é para se vingar de ninguém. É para alertar. Quer dizer, na verdade você mora em Brasília, você está longe do mundo, e alguém diz para você ‘ah, isso é frescura da esquerda, esse problema não existe’, e os relatórios que colocam na sua mesa omitem as pessoas que estão morrendo por lidar diretamente com agrotóxico. [As mortes] vão todas para as vírgulas das estatísticas, entendeu? Acho que está na hora de mostrar que muitas vidas não seriam sacrificadas se a gente partisse para um modelo de agricultura mais humano, mais baseado nos insumos naturais, no manejo da terra, ao invés de intoxicar com veneno os rios, os lagos, os açudes, as pessoas, as crianças que vivem em volta, entendeu? Eu acho que seria ótimo se esse filme chegasse nas mãos da presidenta e ela pudesse tomar consciência desse modelo que nós estamos vivendo e, a partir daí, começasse a mudar as políticas.
No documentário você optou por não falar com as empresas produtoras de agrotóxicos. Essa ideia ficou para um outro documentário?
É porque eu não quis fazer um filme que abrisse uma discussão técnica. Se as empresas reclamarem muito e pedirem para falar, eu ouço. Eu já recebi alguns pedidos e deixei as portas abertas. No Ceará eu filmei um cara que trabalha com gado leiteiro que estava morrendo contaminado por causa de uma empresa vizinha. Eu filmei, a empresa vizinha reclamou e eu deixei a porta aberta, dizendo ‘tudo bem, então vamos trabalhar em breve isso num outro filme’. Se as empresas que manipulam e produzem agrotóxico me chamarem para conversar, eu vou. E vou me basear cientificamente na questão porque eles também são craques em enrolar. Querem comprovar que você está comendo veneno e tudo bem (risos). E eu preciso de subsídios para dizer que não, que aquele veneno não é necessário para a minha vida. Nesse primeiro momento, eu quis botar a discussão na mesa. Algumas pessoas já começaram a me assustar, ‘você vai tomar processo’, mas eu estou na vida para viver. Se o cara quiser me processar por um documentário no qual eu falei a verdade, ele processa pois tem o direito. Agora, eu tenho direito como cineasta, de dizer o que eu penso.
Esse filme será lançado somente no Rio ou em outras capitais também?
Eu estou convidado também para ir para Pernambuco em setembro, mas o filme pode acontecer independente de mim. Esse filme está saindo com o selinho de ‘copie e distribua’. Ele não será vendido. A gente vai fazer algumas cópias e distribuir dentro do sentido de multiplicação, no qual as pessoas recebem as cópias, fazem novas e as distribuem. O ideal é que cada entidade, e são mais de 20 bancando a Campanha, consiga distribuir pelo menos mil unidades. De cara você tem 20 mil cópias para serem distribuídas. E depois nós temos os estudantes, os movimentos sociais e sindicais, os professores. Vai ser uma discussão no Brasil. Temos que levar esse documentário para Brasília, para o Congresso, para a presidenta da República, para o ministro da Agricultura, para o Ibama. Todo mundo tem que ver esse filme.



CARTA ÀS ESQUERDAS

Livre das esquerdas, o capitalismo voltou a mostrar a sua vocação anti-social. Voltou a ser urgente reconstruir as esquerdas para evitar a barbárie. Como recomeçar? Pela aceitação de algumas ideias. A defesa da democracia de alta intensidade é a grande bandeira das esquerdas.

Boaventura de Sousa Santos
Não ponho em causa que haja um futuro para as esquerdas mas o seu futuro não vai ser uma continuação linear do seu passado. Definir o que têm em comum equivale a responder à pergunta: o que é a esquerda? A esquerda é um conjunto de posições políticas que partilham o ideal de que os humanos têm todos o mesmo valor, e são o valor mais alto. Esse ideal é posto em causa sempre que há relações sociais de poder desigual, isto é, de dominação. Neste caso, alguns indivíduos ou grupos satisfazem algumas das suas necessidades, transformando outros indivíduos ou grupos em meios para os seus fins. O capitalismo não é a única fonte de dominação mas é uma fonte importante.

Os diferentes entendimentos deste ideal levaram a diferentes clivagens. As principais resultaram de respostas opostas às seguintes perguntas. Poderá o capitalismo ser reformado de modo a melhorar a sorte dos dominados, ou tal só é possível para além do capitalismo? A luta social deve ser conduzida por uma classe (a classe operária) ou por diferentes classes ou grupos sociais? Deve ser conduzida dentro das instituições democráticas ou fora delas? O Estado é, ele próprio, uma relação de dominação, ou pode ser mobilizado para combater as relações de dominação?

As respostas opostas as estas perguntas estiveram na origem de violentas
clivagens. Em nome da esquerda cometeram-se atrocidades contra a esquerda; mas, no seu conjunto, as esquerdas dominaram o século XX (apesar do nazismo, do fascismo e do colonialismo) e o mundo tornou-se mais livre e mais igual graças a elas. Este curto século de todas as esquerdas terminou com a queda do Muro de Berlim. Os últimos trinta anos foram, por um lado, uma gestão de ruínas e de inércias e, por outro, a emergência de novas lutas contra a dominação, com outros atores e linguagens que as esquerdas não puderam entender.

Entretanto, livre das esquerdas, o capitalismo voltou a mostrar a sua vocação anti-social. Voltou a ser urgente reconstruir as esquerdas para evitar a barbárie. Como recomeçar? Pela aceitação das seguintes ideias.

Primeiro, o mundo diversificou-se e a diversidade instalou-se no interior de cada país. A compreensão do mundo é muito mais ampla que a compreensão ocidental do mundo; não há internacionalismo sem interculturalismo.

Segundo, o capitalismo concebe a democracia como um instrumento de acumulação; se for preciso, ele a reduz à irrelevância e, se encontrar outro instrumento mais eficiente, dispensa-a (o caso da China). A defesa da democracia de alta intensidade é a grande bandeira das esquerdas.

Terceiro, o capitalismo é amoral e não entende o conceito de dignidade
humana; a defesa desta é uma luta contra o capitalismo e nunca com o capitalismo (no capitalismo, mesmo as esmolas só existem como relações públicas).

Quarto, a experiência do mundo mostra que há imensas realidades não capitalistas, guiadas pela reciprocidade e pelo cooperativismo, à espera de serem valorizadas como o futuro dentro do presente.

Quinto, o século passado revelou que a relação dos humanos com a natureza é uma relação de dominação contra a qual há que lutar; o crescimento económico não é infinito.

Sexto, a propriedade privada só é um bem social se for uma entre várias
formas de propriedade e se todas forem protegidas; há bens comuns
da humanidade (como a água e o ar).

Sétimo, o curto século das esquerdas foi suficiente para criar um espírito igualitário entre os humanos que sobressai em todos os inquéritos; este é um patrimônio das esquerdas que estas têm vindo a dilapidar.

Oitavo, o capitalismo precisa de outras formas de dominação para florescer,
do racismo ao sexismo e à guerra e todas devem ser combatidas.

Nono, o Estado é um animal estranho, meio anjo meio monstro, mas, sem ele, muitos outros monstros andariam à solta, insaciáveis à cata de anjos indefesos. Melhor Estado, sempre; menos Estado, nunca.

Com estas ideias, vão continuar a ser várias as esquerdas, mas já não é provável que se matem umas às outras e é possível que se unam para travar a barbárie que se aproxima.


Boaventura de Sousa Santos é sociólogo e professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (Portugal).
Reprodução: http://www.cartamaior.com.br


sábado, 20 de agosto de 2011

“MODELO PRIVATISTA É A CAUSA DA CRISE EDUCACIONAL”



Hora do Povo
“A crise no sistema educacional chileno é conseqüência da introdução do modelo privatista de economia neoliberal no setor durante a ditadura de Pinochet”, afirmou na terça-feira a presidente da Federação de Estudantes da Universidade do Chile - FEUCH, Camila Vallejo. A líder estudantil acrescentou que “a educação em seu país deve deixar de ser um produto de mercado e retomar seu caráter social, para fortalecer a independência do país e a igualdade de acesso ao conhecimento”.
Vallejo enfatizou que “as imposições do mercado erradicaram os espaços de crítica, do estudo que aprofunda o conhecimento, dos debates, ou questionamentos nas universidades, ou seja elas foram transformadas em fábricas rasteiras de diplomas”.
A ditadura não só atacou as universidades públicas e reprimiu estudantes e acadêmicos, mas também as desmembrou e eliminou o seu financiamento, disse a presidente da FEUCH. Vallejo acrescentou que para que “o mercado possa cumprir seu ‘papel’ fomentou-se a criação de instituições com base no lucro privado”.
“Os estudantes almejam uma educação que responda ao investimento social de um Estado com projetos estratégicos de desenvolvimento, promovendo o bem-estar dos cidadãos.
Estudantes do ensino médio e superior em Santiago e nas regiões mais importantes do país iniciaram, em maio, um movimento de protesto que exige o financiamento da educação pelo Estado, o que vem sendo negado pelo atual presidente Sebastián Piñera.
“Há uma tremenda segregação no acesso à educação no Chile, não apenas no ensino superior. O conhecimento que deve ser ensinado nas escola não pode mais seguir sujeito a um poder econômico externo”, disse Camila.
 Reprodução:  http://www.patrialatina.com.br

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

DEPOIS DO JURAMENTO, A REALIDADE


 No dia 16 de agosto de 2008 fiz um juramento. Iria defender a educação; abriria oportunidades de aprendizagem para os alunos que passariam pelo meu caminho; seria ética e comprometida. Levo meus juramentos a sério, até ganhei um diploma depois dele. Com este pedaço de papel eu comprovo os anos que passei nas classes universitárias, com ele eu ganhei o direito de estar na posição que ocupo hoje.
Cheguei nas salas de aula do município de Novo Hamburgo em 2010. Mesmo sem nenhum plano de carreira à vista, estava consolidando a opção que havia feito anos antes do meu juramento. Nas minhas salas de aula enfrentei situações que não estavam previstas no currículo da faculdade e para honrar meu juramento precisei fazer pequenos sacrifícios.
Não estava enganada ao fazer a prova do concurso, nem quando assumi a função. Aguardei com uma certa ansiedade o desenrolar das negociações, acompanhei de perto o projeto de plano de carreira que chegou no limite do prazo estipulado. Agora um novo projeto aparece no horizonte, me sinto profundamente enganada por perceber que o discurso dos meus gestores não condiz com seus atos. A negociação foi unilateral, os acolhimentos foram mínimos e o consenso me parece distante. E até o momento, mais de 18 meses depois, continuo sem um plano de carreira.
Naquele 16 de agosto eu jurei defender uma educação de qualidade para todos. Neste 16 de agosto, tive a oportunidade de me juntar às minhas colegas de profissão em Novo Hamburgo para expressar o meu juramento. Se engana quem acha que queremos melhorar o percentual das nossas vantagens de carreira, me juntei a centenas de professores naquela tarde para defender nosso direito de ter uma carreira com oportunidades justas para todos; para garantirmos um atendimento de qualidade e sem burocracia no IPASEM; e para termos o tempo que precisamos para realizar um trabalho com qualidade.
Não fomos pedir nenhum favor, tudo que defendemos tem o respaldo da lei. Fomos, sim mandar um recado:
A escola não é uma empresa; e sim uma instituição pública
Os alunos e seus pais não são os clientes; e
O conhecimento não é mercadoria.
Neste caminho, a luta é constante, e muitos não acreditam que pode fazer alguma diferença. Mas seguimos fazendo a nossa parte, e juntos, seguiremos. Cada vez mais tenho orgulho de fazer parte deste grupo.
Texto enviado pela professora Daniela Vieira Costa

terça-feira, 16 de agosto de 2011

PROFESSORES DE NH FORAM ÀS RUAS EM REPÚDIO AO DESCASO PARA COM A CATEGORIA

Cerca de 400 professores participaram hoje (terça-feira) do Dia Nacional de Paralisação em defesa da educação com ensino de qualidade. Convocados pelo SINDPROFNH, os profissionais da educação se concentraram em frente ao Centro Administrativo, portando faixas, bandeiras e cartazes com dizeres em repúdio ao descaso e desrespeito com que a atual administração hamburguense vem tratando os professores e o funcionalismo.

 A atividade se iniciou por volta das 15h30min, quando dirigentes sindicais da região falaram da atual situação dos professores e defenderam o slogan “A Educação Quer Mais”. A presidente do SINDPROFNH, Luciana Martins, ressaltou que a mobilização da categoria vai além do piso salarial.  Enfatizou que os professores querem um plano de carreira que valorize os profissionais da Educação, implementação de 1/3 de hora atividade e reestruturação do Conselho Deliberativo do Instituto de Previdência e Assistência Municipal (IPASEM).

 Enquanto os manifestantes aguardavam em frente ao Centro Administrativo, uma comissão, liderada pela presidente do SINDPROFNH, se deslocou ao gabinete do prefeito Tarcísio Zimmermann  para entregar um oficio solicitando uma audiência para tratar da pauta de reivindicações da categoria. O grupo foi recebido pelo Chefe do Executivo na sala de recepção e, numa conversa rápida, a líder sindical fez alguns apontamentos, dentre eles, sobre a implementação imediata da Lei do Piso (Lei Federal nº 11.738 de 16 de julho de 2008) no que se refere a 1/3 de Hora Atividade, em que o prefeito havia votado favorável quando era deputado federal. O que causou maior estranheza à comissão foi quando Zimmermann alegou que na época em que votou o projeto não conhecia a realidade do município.
  
Após o ato público em frente ao Centro Administrativo, os manifestantes saíram em carreata pelas principais ruas de Novo Hamburgo até a Câmara de Vereadores. Durante o trajeto, acompanhados de um caminhão de som, os professores explicaram à comunidade o motivo do movimento e suas reivindicações.  A receptividade dos hamburguenses foi demonstrada através de aplausos pelos que acompanhavam pelas janelas de suas casas e sinal de luz pelos motoristas que transitavam pelas vias do município.

Na Câmara, a presidente do SINDPROFNH, Luciana Martins, ocupou a tribuna durante a sessão dos vereadores e ressaltou as reivindicações da categoria, pedindo apoio do Legislativo. Falou que no último dia 4, uma assembléia da categoria decidiu por unanimidade lutar em defesa do IPASEM, por um plano de Carreira, 1/3 de hora atividade. Luciana enfatizou que esta luta é de todos que acreditam na educação. “Somente a luta poderá garantir uma educação com qualidade”, concluiu.

PROFESSORES LOTAM CÂMARA DE VEREADORES


- Professores pedem 1/3 de hora-atividade

Presidente do Sindicato utilizou a Tribuna Popular 

Através da Tribuna Popular, a presidente do Sindicato dos Professores Municipais, Luciana Martins, pediu a implementação da Lei Federal nº 1.1738/2008 em Novo Hamburgo. Segundo ela, aqui os docentes ainda não contam com 1/3 de hora-atividade, o que está previsto na legislação brasileira. Professores lotaram as galerias da Casa para assistir a sua fala.

Luciana ainda lembrou que os profissionais hamburguenses esperam um plano de carreira municipal há 18 meses. "A falta de professores nas escolas municipais é reflexo da falta de perspectiva." Na tarde desta terça-feira, 16, eles também foram ao Centro Administrativo conversar com o prefeito Tarcísio Zimmermann. 

Novo Hamburgo: Professores vão às ruas exigir direitos



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Mônica Neis Fetzner
Mobilização reuniu educadores no Centro Administrativo Leopoldo Petry, para entregar ofício ao prefeito Tarcísio Zimmermann e partir, em carreata, para a Câmara de Vereadores.
Nesta terça-feira, dia 16, professores se reuniram em frente ao prédio da Prefeitura de Novo Hamburgo para reivindicar questões relacionados ao plano de carreira e à implantação de um terço de hora-atividade.
Leia Mais
Conforme a presidente do Sindicato dos Professores de Novo Hamburgo – Sindrof/NH, Luciana Martins, alguns professores estão sem plano de carreira há 18 meses. “Um projeto sobre o assunto está na Câmara de Vereadores hamburguense há oito meses, mas não agrada aos professores”, explica.
“Nós chegamos a entregar um ofício ao senhor prefeito sobre um terço da carga horária ser destinado a tarefas como planejamento das aulas e correção de provas, mas não tivemos retorno”, salienta Luciana. “Hoje, algumas escolas tem 20% da carga horária para este fim, mas não são todas, especialmente as que nem tem o quadro de funcionários completo.”
As atividades nas escolas foram paralisadas às 15 horas desta terça-feira, para que os professores se dirigissem ao Centro Administrativo Leopoldo Petry. Lá, entregam ofício com as reivindicações ao prefeito Tarcísio Zimmermann (PT).
Estas também incluem a questão da defesa do Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores Municipais de Novo Hamburgo – Ipasem, do projeto de lei municipal 2.015/09 (que dispõe sobre a gestão democrática do ensino público) e da lei federal sobre o piso da categoria. Então, uma carreata parte para a Câmara de Vereadores, em que Luciana Martins faz uso da tribuna e entrega o mesmo documento ao presidente da Casa, Leonardo Hoff (PP).
AULAS – Luciana ressalta que o Sindicato reunirá professores em sua sede na próxima quinta-feira, dia 18, para definir calendário de mobilização. É nesta oportunidade que decidirão sobre paralisação das aulas. “Também vamos apreciar o projeto que o senhor prefeito ficou de nos passar. A partir daí, decidiremos as próximas ações”, esclareceu a presidente do Sindrof/NH.

Para secretário de Educação, não

há justificativa para paralisação

Em nota oficial divulgada à imprensa, o secretário de Educação e Desporto de Novo Hamburgo Alberto Carabajal (foto ao lado) afirma que a mobilização nacional que acontece nesta terça-feira refere-se à luta pela implementação do piso, “conquista esta já consolidada no município”.
Por isso, não considera que haja qualquer impasse que justifique paralisação na cidade. “As demais questões arroladas pelo Sindicato da categoria estão em processo de negociação com o Executivo”, avalia Carabajal.
Sobre o Ipasem, o secretário afirma que o discurso de que o instituto encontra-se em risco não procede. “Ao contrário, o atual governo, repassa todos os meses, rigorosamente, os recursos devidos ao Instituto, fortalecendo sua atuação”, argumenta.
FOTOS:
Mônica Neis Fetzner / novohamburgo.org
divulgação / Bruna Provenzano

domingo, 14 de agosto de 2011

CARTA À COMUNIDADE


16 DE AGOSTO DE 2011
DIA DE PARALISAÇÃO

Carta à comunidade

Senhoras mães, senhores pais, estudantes e comunidade em geral


Nós, professoras e professores das Escolas Municipais de Novo Hamburgo, nos dirigimos a vocês para manifestar o nosso comprometimento com a Educação Pública e com cerca de 26.000 mil estudantes que, diariamente, estão conosco nas escolas.

Alguns de vocês já devem ter percebido que ainda há escolas sem professores e escolas nas quais os professores estão pedindo demissão. Já se perguntaram o porquê?

Como vocês, queremos um mundo melhor para os nossos filhos. Um mundo livre da pobreza, da violência, da injustiça e, pautado por relações de solidariedade e igualdade. Por isso lutamos. Por isto, no dia 16 de agosto PARALISAREMOS nossas atividades às 15h. Sairemos às ruas para chamar a atenção do governo municipal e da sociedade para a necessidade de valorização dos profissionais da Educação de Novo Hamburgo.
O SINDPROF/NH vem denunciando desde 2009 a situação precarizante da educação hamburguense. Temos obrigação como entidade, de não nos calarmos diante de tal situação, de defender as nossas escolas municipais e de denunciar a forma pela qual o prefeito Zimmmermann tem tratado a Educação em Novo Hamburgo.
Nós professoras e professores acreditamos que lutar em defesa da Educação é uma causa nobre, que justifica qualquer esforço. Afinal, é pela Educação que buscamos melhorar e transformar vidas.
Portanto, neste dia 16 de agosto de 2011, abrace a Educação junto conosco, às 15h no Centro Administrativo.
Queremos seu apoio na luta pela ESCOLA PÚBLICA DE QUALIDADE PARA TODOS OS HAMBURGUENSES!
Obrigado pela atenção,
SINDPROF/NH

sábado, 13 de agosto de 2011

SINDPROF/NH convoca professores para Dia Nacional de Paralisação

O Sindicato dos Professores de Novo Hamburgo (SINDPROF/NH) está convocando os trabalhadores em educação para participarem do "Dia Nacional de Paralisação" que ocorrerá no dia 16 de agosto, com ato público às 15h, em frente ao Centro Administrativo de Novo Hamburgo.

O principal objetivo da mobilização, de acordo com a presidente do Sindicato Luciana Martins, será a defesa da carreira dos trabalhadores em educação. Segundo a líder sindical, no último dia 4, uma assembléia da categoria hamburguense decidiu por unanimidade lutar em defesa do IPASEM, por um PLANO DE CARREIRA que valorize os profissionais da Educação e por 1/3 de HORA ATIVIDADE.

Diante disso, nesta terça-feira, dia 16, a categoria de Novo Hamburgo estará acompanhando o DIA DA PARALISAÇÃO NACIONAL  (Jornada Nacional pelo PISO, CARREIRA e PNE), com um ato em frente ao Centro Administrativo em repúdio ao descaso e desrespeito com que a atual administração hamburguense vem tratando os profissionais da Educação e o funcionalismo.

"Esta LUTA é de todos que acreditam na EDUCAÇÃO, que acreditam no SEU TRABALHO de educadores e transformadores'', ressaltou Luciana ao afirmar que a paralisação vai acentuar a luta e fazer valer a Lei e os interesses de uma educação de qualidade. Na avaliação de Luciana é deseducador do ponto de vista da cidadania, que o governo municipal não cumpra a Lei e implemente imediatamente 1/3 de hora atividade em Novo Hamburgo já que o atual prefeito quando era deputado federal votou favorável.

A presidente do SINDPROF/NH disse que é importante a participação de todos para demonstrar ao prefeito que a categoria está unida para exigir os seus direitos. Somente a luta poderá garantir uma educação de qualidade. É hora de perder a paciência e ir à luta. Não cruze os braços para o seu futuro. DIGA SIM À PARALISAÇÃO.

Imprensa/SINDPROF/NH

LEI DO PISO É CONSTITUCIONAL


LEI DO PISO É CONSTITUCIONAL

Prefeito deve cumprir a Lei já!

O Supremo Tribunal Federal julgou totalmente constitucional a Lei Federal nº 11.738, de 16 de julho de 2008, que regulamentou o piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica (PSPN).

Isso quer dizer que os direitos assegurados por essa lei devem ser aplicados imediatamente e de forma integral pela administração dos estados e municípios.

EM NOVO HAMBURGO O QUE DEVE MUDAR IMEDIATAMENTE?

O percentual destinado à hora-atividade.

Atualmente, temos 20% (4 horas) da nossa jornada de trabalho de 20 horas destinadas às atividades pedagógicas que extrapolam a regência de classe, incluindo aqui inclusive a formação continuada.

A Lei do Piso, que deve ser aplicada imediatamente, estabelece que o mínimo destinado para hora-atividade deve ser de 33,33%, o que corresponde a aproximadamente 7 horas.

Esse é o mínimo estipulado por lei e deve ser efetivado sem demoras!

Em Novo Hamburgo a prefeitura realizou concurso em 2010 e tem professores aguardando para serem chamados, portanto, só falta vontade política.

PARA CONQUISTAR ESSE DIREITO: MOBILIZAÇÃO

Em assembleia realizada no dia 04 de agosto, professoras e professores se posicionaram sobre a necessidade de nossa organização e mobilização para conquistar a imediata aplicação da hora-atividade de 33,3%.

16 DE AGOSTO- 15h- ATO PÚBLICO EM FRENTE À PREFEITURA MUNICIPAL DE NOVO HAMBURGO

Participe! Vamos juntos organizar a luta para pressionar a Prefeitura e conquistar esse direito!

OS PROFESSORES EM GREVE E A COPA DE 2014

Bruno Fernandes*

Caras professoras e caros professores,

Gostaríamos que dispusessem de um pouco de seu tempo para refletir conosco sobre um processo que vem ocorrendo no Brasil e, no nosso entender, lhes diz respeito diretamente, enquanto profissionais, em, pelo menos, dois aspectos. Tal processo liga-se à realização da Copa do Mundo de Futebol, mas não começa e tampouco termina com ela. O caso é que, mesmo que se tenha festejado a escolha do nosso país para sediar um dos maissuntuosos eventos esportivos do mundo, é preciso ver o que ele de fato aponta como legado para nós brasileiros.
Com relação ao primeiro aspecto da Copa que lhes diz respeito, professoras e professores, vocês sabem, melhor do que nós, que a qualidade da educação não começa nem termina dentro da sala de aula. Não é esse um dos motivos para que se reivindique melhores salários aos profissionais da educação pública?
Entendemos que a Copa do Mundo de Futebol vem aprofundar o processo histórico de arrocho salarial do professorado, uma vez que se está gastando bilhões, isso mesmo, BILHÕES, para a construção das infraestruturas exigidas pela FIFA que, além do mais, servem para produzir um modelo de cidade — do qual falaremos mais adiante —pernicioso para a maioria da população.
Quantas moradias, parques, ciclovias, praças, ginásios poliesportivos, teatros, escolas poderiam ser construídos com este dinheiro? Quantas reformas e aparelhamentos de hospitais? Quantas obras de saneamento básico, contenção de encostas e redução e prevenção às enchentes? Pode-se até realizar a Copa, mas ao invés de se gastar inutilmente com ela, poder-se-ia investir em promoção social.
Quem vai dizer que o Mineirão ou o Maracanã, embora pudessem precisar de “ajustes”, não eram excelentes estádios? O caso é que quando se trata de atender aos interesses dos ricos, o dinheiro aparece, mas quando, por exemplo, professores empunham sua justa bandeira de melhores salários, os governantes de plantão alegam que o orçamento está apertado e que o salário pago é bom e é o máximo que se pode oferecer– além de acionarem a polícia para cumprir seu papel fundamental de reprimir as necessárias lutas do povo.
Tudo bem, a Copa pode não ser a responsável pelo arrocho salarial, mas lembremos que estamos falando de um processo que não começa e tampouco termina com ela. Quantos anos serão precisos para pagar estes volumosos gastos em aeroportos, sistemas de transporte, estádios (todos visando às demandas da Copa e não da população) e com isso manter o orçamento apertado de modo a não possibilitar aumentos salariais?
E tem mais: além do estado arcar com enormes gastos (repisemos: todos visando às demandas da Copa e não da população. Lembremos: com dinheiro dos impostos pagos por toda a população, sobretudo os trabalhadores), a FIFA e seus parceiros foram agraciados com a isenção de impostos e a reforma e construção de hotéis receberão “incentivos”. A propósito, o prédio onde funcionava o Ipsemg na Praça da Liberdade, em Belo Horizonte, foi alugado por 35 anos para um amigo do ex-governador mineiro Aécio Neves ao custo mensal de meros 15 mil reais. Pena que não há outra palavra, porque fica difícil chamar de custo quando se considera que são apenas 15 mil reais para explorar comercialmente um prédio daquele tamanho numa das áreas mais valorizadas da capital mineira.
O segundo aspecto, mais amplo, refere-se aos atingidos pelas transformações que as cidades-sede do mundial estão passando. Como principais atingidos, milhares de famílias estão perdendo suas casas para construção de sistemas de transporte para atender às demandas dos turistas do mundial.
Vejam bem: brasileiros estão perdendo suas casas para o divertimento de estrangeiros!
Dentre outros, há também os que trabalhavam no entorno dos estádios vendendo desde camisas de times até bebidas e comidas que não mais poderão exercer sua atividade de subsistência. Vocês podem estar se perguntando: e o que a educação tem a ver com isso?
Ora, quem são aqueles para os quais vocês dão aulas nas escolas públicas? Não são os filhos dos trabalhadores empobrecidos? Embora muitos de vocês possam não ter alunos vivendo este drama, lembremos, mais uma vez, que estamos falando de um processo que não começa e tampouco termina com a Copa do Mundo de Futebol e também não diz respeito apenas às cidades-sede do megaevento.
Por isso, vale corrigir: este megaevento tem servido, na verdade, para aprofundar um modelo de cidade que marca a urbanização em nosso país, isto é, modelo no qual o pobre não tem vez, a não ser, porque não tem outro jeito, para trabalhar — quando ele tem um trabalho, claro.
É um modelo de cidade cujo sentido não é o de atender às necessidades e direitos da população, tais como saúde, esporte, lazer, moradia, educação, e sim auferir lucros para uma parte da população historicamente privilegiada — porque não dizer, é um modelo de cidade produzido pela e para a elite dominante. Sendo assim, se observa que produzem a cidade demarcando espaços destinados exclusivamente aos ricos, com toda infraestrutura e conforto, enquanto os trabalhadores perdem seus lares e, por consequência, trabalho e
laços sociais, ao serem mandados para longínquas periferias normalmente sem a menor infraestrutura.
Os alunos estão dando muito trabalho na sala de aula? Mais do que nós, vocês sabem quem são eles e o que passam enquanto filhos de trabalhadores empobrecidos.
Por estas considerações, e por entendermos que educação pública e de qualidade exige salários dignos, manifestamos nosso total apoio à luta das professoras e dos professores em greve para que o governo do estado de Minas Gerais cumpra a lei do Piso Salarial Profissional Nacional (Lei n° 11.738/08).
Enfim, procuramos aqui apontar dois aspectos que imaginamos estejam relacionados com as condições de trabalho na educação básica pública, dentre elas a condição salarial, mas cremos que a questão vai muito além. Nesse sentido, que tal se vocês vierem conversar conosco sobre a Copa afim de elaborarmos juntos um entendimento sobre este megaevento que dialogue com a realidade concreta dos alunos? Ao final deste texto, consta nosso calendário de reuniões até o final deste ano. Sejam muito bem vindos!
Saudações,
Bruno Fernandes é professor de Geografia no ensino médio em Minas Gerais
Fonte: http://www.viomundo.com.br

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Estudantes chilenos iniciam novos protestos na capital


SANTIAGO DO CHILE, 9 AGO (ANSA) - Os estudantes universitários chilenos, junto com secundaristas, professores e sindicalistas, deram início na manhã de hoje a um novo protesto pela educação gratuita e de qualidade.

Veja fotos dos protestos estudantis no Chile

Foto 123 de 183 - 9.ago.2011 - Estudantes chilenos universitários e secundaristas protestam novamente nas ruas de Santiago por um sistema de educação gratuito. Professores e sindicalistas também participam da manifestação Mario Ruiz/EFE

A concentração foi iniciada em frente à Universidade de Santiago. Durante a madrugada e a manhã de hoje, manifestantes bloquearam diversas ruas e ergueram barricadas, ato que já provocou a prisão de seis pessoas.

A principal marcha, no entanto, começou às 11h30, com cerca de 10 mil pessoas. A passeata que percorrerá alguns trechos da Alameda, principal avenida da capital chilena, deve ser encerrada no Parque Almagro, onde mais de 50 mil manifestantes se reuniram no domingo em apoio à causa dos estudantes.

O protesto desta terça-feira foi autorizado pela Prefeitura de Santiago, depois que as autoridades chegaram a um acordo consensual com os dirigentes estudantis, que cederam em relação ao trajeto.

Mais manifestações acontecem em outras cidades do país e reúnem milhares de estudantes. A previsão é de que as mobilizações se estendam até às 15h.

As marchas foram convocadas na última sexta-feira pela Confederação dos Estudantes da Universidade do Chile (Confech) e pelo Colégio de Professores.

Segundo uma pesquisa realizada pelo instituto Imaginación, pela Universidade Federico Santa María e pela rádio Cooperativa, publicada hoje, sete em cada 10 chilenos avaliam que a reforma educacional é prioritária e uma ampla maioria quer o fim da municipalização do ensino secundário e o fim do lucro na educação.

Há cerca de dois meses, uma ampla mobilização estudantil, que chegou a reunir cerca de 400 mil pessoas nas ruas do Chile no final de junho, pede melhorias na educação.

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias

domingo, 7 de agosto de 2011

SHOW DO GURI DE URUGUAIANA FOI UM SUCESSO

SINDPROF/NH reúne cerca de 1200 professores, no show do Guri de Uruguaiana, nesta sexta-feira. O show foi realizado para comemorar os 6 anos de fundação da entidade.



Antes do inicio do show foi realizado o sorteio de 30 brindes doados por empresas parceiras do SINDPROF/NH. A professora Maria Regina da EMEF Bento Gonçalves ganhou um título da sociedade Ginástica de Novo Hamburgo.

A professora Luciana Martins presidenta da entidade em sua fala destacou a trajetória de luta da entidade “o SINDPROF/NH é uma entidade que tem como característica a defesa intransigente dos direitos dos professores e professoras municipais, durante estes seis anos obtivemos muitas conquistas, mas algumas questões estão em “estamby” e ainda temos muito a fazer, pois a luta é permanente.

A presidenta também destacou a importância do trabalho em equipe, e o perfil “guerreiro” da atual diretoria formada pelas professoras: Luciana Martins, Andrea Zimmer, Ana Spengler, Valderes Koening, Maria Helena Schaab, Maria Cecilia Braun, Lenira Brisch, Arlete Brnardes, Jaqueline Staudt, Maria Celita Zambieri, e Rejane Doering.

Um dos pontos altos do show foi quando o Guri de Uruguaiana, com todo o humor que lhe é peculiar, convidou a platéia para treinar a “paralisação” conclamando a todos para participarem da atividade que o SINDPROF/NH esta organizando para o dia 16 de agosto.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ASSEMBLEIA DECIDE POR PARALISAÇÃO

Nesta quinta-feira (4/8), professoras e professores  que participaram da Assembleia no SINDPROFNH,  decidiram por unanimidade lutar em defesa do IPASEM, por um Plano de Carreira que valorize os profissionais da Educação e por 1/3 de Hora Atividade.

Deste modo, no dia 16 de agosto, DIA DA PARALISAÇÃO NACIONAL  (Jornada Nacional pelo PISO, CARREIRA e PNE), professoras e professores da rede municipal de Novo Hamburgo estarão  engajados na luta, paralisando suas atividades e fazendo um grande movimento de repúdio ao descaso e desrespeito com que a atual administração vem tratando os profissionais da Educação e o funcionalismo hamburguense.

Esta LUTA é de todos que acreditam na EDUCAÇÃO, que acreditam no SEU TRABALHO de educadores e transformadores, pois como dizia nosso mestre:  

“Se, na verdade, não estou no mundo para simplesmente a ele me adaptar, mas para transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem um certo sonho ou projeto de mundo, devo usar toda possibilidade que tenha para não apenas falar de minha utopia, mas participar de práticas com ela coerentes.” (Paulo Freire)

Não cruze os braços para o seu futuro.
Se engaje na luta!
DIGA SIM PARA A PARALISAÇÃO NACIONAL

CONTRA O IDEB NA ESCOLA: "PARA ALÉM DA COMUNIDADE-CLIENTE"

Luiz Carlos de Freitas
Professor e especialista em avaliação

O ex-ministro da educação do Chile, J. Lavín, recém demitido, desenvolveu um sistema que ficou conhecido como “semáforos de Lavín”. Ele usa o mapa do Chile combinado com geo-referenciamento para localizar a escola e acessar o seu resultado em provas nacionais. A cor da escola revela sua nota. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no Brasil, mais recatado, tem um site que permite identificar o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de cada escola pública. Qual a novidade de Gustavo Ioschpe?
Ele quer mais. Ele quer garantir que a comunidade local saiba do Ideb e tenha vergonha ou orgulho de sua escola. A ideia é que se a comunidade souber da nota da escola, então ela vai pressioná-la e, com isso, irá operar-se o milagre da melhoria da escola. Haveria, ainda, uma concorrência entre as escolas que, envergonhadas, procurariam mudar - como ocorre no maravilhoso mundo dos negócios, onde perdedores e vencedores disputam a atenção dos clientes. Nessa visão, a comunidade é um “conjunto de clientes”.
A base dessas ideias tem sempre a mesma fonte: anos 90, nos Estados Unidos. Lá, como se sabe, elas não melhoraram a educação (em 10 anos de Programa de Avaliação Internacional de Estudantes, Pisa, os Estados Unidos continuam na mesma e os testes nacionais não mostram nada diferente; há quem diga que piorou), mas criaram um mercado educacional de US$ 800 bilhões.
É um celeiro que contabiliza outras ideias como dar bônus para escolas, “ensinar” para os testes, privatizar via contratos de gestão (charter schools), lei de responsabilidade educacional com fechamento de escolas e demissão de professores. Não há país algum que tenha testado mais “maldades” contra as escolas e seus profissionais do que os Estados Unidos - sem sucesso.
A questão é o objetivo dessas ideias. Lá como cá, incluindo a filial chilena, os setores empresariais organizaram-se para tentar definir a agenda educacional nacional - aqui, sua forma de organização mais evidente é o Movimento Todos pela Educação. Têm direito.
É sabido que o Brasil cresce a um ritmo que exige formação acelerada de mão de obra e, se isso não ocorrer, o valor do salário vai aumentar afetando o lucro. É fundamental, para segurar o salário, que haja uma base de oferta de mão de obra maior. Some-se a isso que as tradicionais reservas de exploração de mão de obra barata (as mulheres e o campo) estão esgotando-se.
Neste quadro, dependente cada vez mais de produtividade para assegurar o lucro, o que estamos assistindo, hoje, é a uma disputa das corporações pelo controle da agenda educacional - tanto ao nível dos Estados e municípios, como ao nível federal.
Está sendo reproduzida, no Brasil, a estratégia do “business roundtable” dos anos 90 nos Estados Unidos, quando um grupo de cerca de 300 CEOS de diferentes empresas convenceram - com grande apoio da mídia - vários estados a embarcar nestas ideias. O experimento mais famoso, hoje conhecido jocosamente como o “milagre do Texas”, no governo Bush, deu base para o fracassado “No Child Left Behind”, quando ele se tornou presidente. As tabuletas de Gustavo Ioschpe são herdeiras deste ideário. Há muito mais ações em andamento.
O Ideb é uma boa medida? Acadêmicos de todos os matizes dizem que não. O Ideb é uma medida precária, construída quando o Inep se entusiasmou com o No Child Left Behind americano. Baseia-se em uma medida de fluxo combinada com uma medida de desempenho. Qualidade da educação básica é mais que isso. O Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp), em São Paulo, é uma formulação mais exigente e mais problemática ainda, pois acredita que se as escolas tiverem bônus por “carregar” a parte de baixo da curva de rendimento dos alunos usualmente com maiores problemas, então também dedicar-se-ão a ensinar para eles. Há mais causas em jogo.
Quanto mais pressão se faz, mais se cria potencial para “corrupção” da medida. A realidade das escolas não é fácil e como mostra Atlanta (EUA), no desespero, apela-se à fraude para sobreviver. Com o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) em São Paulo não é diferente. Na outra ponta, quanto mais se pressiona, mais se corre o risco do magistério “jogar a toalha”. Em São Paulo o volume de bônus distribuído em 2010 é menor do que em 2009 e as notas do Saresp despencaram em 2010.
Mas, se tivermos um “bom Ideb”, devemos colocá-lo em uma tabuleta nas escolas? Penso que não, apesar de não ter nada contra um bom Ideb. Os resultados devem ser prioritariamente para consumo pedagógico da escola. Precisam ser circunstanciados e validados internamente (técnica e politicamente), antes de produzirem consequências locais.
Além disso, a escola é da comunidade e tudo que não queremos é ver a comunidade contra a escola. Melhor seria apostarmos em processos que a aproximassem da escola e criássemos mecanismos intraescolares concretos que dessem voz à comunidade, de forma organizada e democrática, para discutir a escola e seus resultados junto com seus profissionais - incluindo as demandas que elas têm a fazer ao poder público, chamando a comunidade para a defesa de um bem público. É preciso superar a ideia de “comunidade-cliente” importada da área dos negócios. O desafio é envolver os pais na discussão organizada da qualidade da escola, de forma produtiva e constante.
Devemos utilizar a força da comunidade para fazer com que os governos locais construam uma politica educacional baseada nas necessidades das escolas - trabalhar com as escolas e não contra elas. A Suécia, por exemplo, combina as notas de avaliação externas (tipo Prova Brasil) com a avaliação pessoal dos professores sobre seus alunos. Isso aumenta a autoridade dos professores, dá força para a escola e provê uma melhor estimativa do que acontecerá no futuro com os alunos.
A proposta de Ioschpe, de adicionar pressão externa em um País que ainda tem “escolas de lata”, não é uma boa política. Temos que confiar em nossas escolas e em nossos professores; confiar na criação de instrumentos de cobrança e de melhoria da qualidade acordados entre escolas, comunidades e governos. Pressão, não vai ajudar. É como se colocássemos na porta de cada Delegacia de Polícia uma tabuleta com os índices de criminalidade do bairro esperan-do que, com isso, ela reduzisse. Muito cômodo; pouco eficaz.
Quando as escolas e seus profissionais estiverem envergonhados e as comunidades iradas com suas escolas, o que se espera que aconteça? Que mais professores talentosos venham dar aulas nestas escolas? Quando as escolas estiverem com a imagem comprometida na comunidade, o que se espera que aconteça? Que a comunidade olhe para sua escola com respeito? Que se aproxime para ajudar na educação dos filhos?
Em resumo: se os laços entre a escola e a comunidade se romperem, não se espere melhoria na educação. Escolas não são fábricas de sapato e comunidades não são “conjuntos de clientes”. A política educacional de Nova York caiu por confiar na “responsabilização por pressão”, não sem antes ter suas medidas de aprendizagem “corrompidas”. No Brasil, a ideia de Ioschpe poderá destruir a pouca credibilidade do Ideb.
Reprodução do site:CNTE

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

ESTUDANTES PRETOS SÃO MENOS DE 10% NAS UNIVERSIDADES FEDERAIS

Apesar das políticas afirmativas direcionadas para a população negra, esse público ainda é minoria nas universidades federais. Estudo que será lançado hoje (3) pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) sobre o perfil dos estudantes de graduação mostra que 8,72% deles são pretos e 32%, pardos. Os brancos são 53,9% e os indígenas menos de 1%.
O estudo aponta um crescimento da participação dos negros em relação à pesquisa anterior produzida pela Andifes em 2003, quando menos de 6% dos alunos se declaravam pretos e 28,3%, pardos.
Para o presidente da associação, João Luiz Martins, a evolução do número de pretos é “tímida”. Ele defende a necessidade de políticas afirmativas mais agressivas para garantir a inclusão. “A universidade tem uma dívida enorme em relação a isso. Há necessidade de ampliar essas ações [de inclusão] porque o atendimento ainda é muito baixo”, avalia.
A entidade é contra uma legislação ou regra nacional que determine uma política comum para todas as instituições, como o projeto de lei que tramita no Senado e determina reserva de 50% das vagas para egressos de escolas públicas. “Cada um de nós tem uma política afirmativa mais adequada à nossa realidade. No Norte, por exemplo, a universidade precisa de uma política que tenha atenção aos indígenas. No Sul, o perfil já é outro e na Bahia, outro”, explica Martins.
O estudo mostra que os alunos egressos de escolas públicas são 44,8% dos estudantes das universidades federais. Mais de 40% cursaram todo o ensino médio em escola privada. O reitor da Universidade Federal do Pará (Ufpa), Carlos Maneschy, explica que na instituição metade das vagas do vestibular é reservada para egressos da rede pública. Desse total, 40% são para estudantes negros. Ele acredita que nos próximos anos a universidade terá 20% de alunos da raça negra. “Antes, nem 5% eram de escola pública”, diz.
Fonte: Agência Brasil

MAIS DE 40% DOS ALUNOS DAS UNIVERSIDADES FEDERAIS SÃO DAS CLASSES C, D E E

Cerca de 43% dos estudantes das universidades federais são das classes C, D e E. O percentual de alunos de baixa renda é maior nas instituições de ensino das regiões Norte (69%) e Nordeste (52%) e menor no Sul (33%). É o que mostra pesquisa da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), que será lançada hoje (3), sobre o perfil dos estudantes das universidades federais.
Para a Andifes, o resultado do estudo, que teve como base 22 mil alunos de cursos presenciais, desmistifica a ideia de que a maioria dos estudantes das federais é de famílias ricas. Os dados mostram, entretanto, que o percentual de alunos das classes mais baixas permaneceu estável em relação a outras pesquisas feitas pela entidade em 1997 e 2003.
Segundo o presidente da Andifes, João Luiz Martins, as políticas afirmativas e a expansão das vagas nas federais mudaram consideravelmente o perfil do estudante. A associação avalia que se não houvesse as políticas afirmativas, o atendimento aos alunos de baixa renda nessas instituições teria diminuído no período.
Martins destaca que se forem considerados os estudantes com renda familiar até cinco salários mínimos (R$ 2.550), o percentual nesse grupo chega a 67%. Esse é o público que deveria ser atendido – em menor ou maior grau – por políticas de assistência estudantil. A entidade defende um aumento dos recursos para garantir a permanência do aluno de baixa renda na universidade. “Em uma família com renda até cinco salários mínimos, com três ou quatro dependentes, a fixação do estudante  na universidade é um problema sério”, diz Martins, que é reitor da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop).
O estudo identifica que 2,5% dos alunos moram em residência estudantil. Cerca de 15% são beneficiários de programas que custeiam total ou parcialmente a alimentação e um em cada dez recebe bolsa de permanência.
Vânia Silva, 26 anos, ex-aluna do curso de pedagogia da Universidade de Brasília (UnB), contou, ao longo de toda a graduação, com bolsas e outros tipos de auxílio. No primeiro semestre, a ajuda era de R$ 130, insuficiente para os gastos com alimentação, transporte e materiais. Ela participou de projetos de pesquisa e extensão na universidade para aumentar o benefício e conseguiu moradia na Casa do Estudante. Mas  viu colegas desistirem do curso porque não tinham condições de se manter.
“Para quem quer ter um bom desempenho acadêmico, o auxílio é muito pequeno. Esse dinheiro eu deveria gastar em livros ou em viagens para participar de encontros de pesquisadores, mas usava para custear minhas necessidades básicas”, conta. Hoje, ela é aluna de pós-graduação e a bolsa que recebe continua sendo insuficiente para os objetivos que pretende alcançar. “Já tive trabalhos inscritos até em congressos internacionais, mas com essa verba não dá para bancar uma viagem”, diz.
Os reitores destacam que a inclusão dos estudantes das famílias mais pobres não é a mesma em todos os cursos. Áreas mais concorridas como medicina, direito e as engenharias ainda recebem poucos alunos com esse perfil. Cerca de 12% das matrículas nas federais são trancadas pelos alunos e, para a associação, a evasão está relacionada em grande parte à questão financeira.
“Em outras parte do mundo, a preocupação do reitor é com a qualidade do ensino e com a pesquisa. Mas aqui, além de se preocupar com um bom ensino, ele também tem que se preocupar com a questão social”, compara Álvaro Prata, reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Para 2012, a Andifes reivindicou ao Ministério da Educação (MEC) que dobre os recursos destinados à assistência estudantil. A previsão é que a verba seja ampliada dos atuais R$ 413 milhões para R$ 520 milhões, segundo a entidade. “Com a política de cotas e a expansão da UnB para as cidades satélites, houve um aumento muito grande da necessidade de políticas de assistência estudantil. Mas isso é secundário para o governo e a própria administração da universidade. Muitas vezes, eles acham que têm que trabalhar para ter mais sala de aula e laboratório, mas não há o restaurante universitário”, observa a representante do Diretório Central dos Estudantes da UnB, Mel Gallo.
Fonte: Agência Brasil