Se a educação do Brasil continuar
trilhando o mesmo caminho que vem tomando nos últimos tempos, estamos prestes a
ter uma escola sem voz, sem pensamento crítico, sem liberdade, sem autonomia
pedagógica, sem discussão, sem história.
Estamos, atualmente, em processo
de discussão (e aprovação) da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que irá
nortear toda a educação brasileira, da Educação Infantil ao Ensino Médio. E,
assim, como nos planos Nacional, estaduais e municipais de educação, o termo
“gênero” foi suprimido da sua redação. Prestem atenção nesse cenário, logo depois
da aprovação da Base, encontraremos, possivelmente, uma “escola sem partido”.
Ao serem dispensadas da escola
discussões tão relevantes na contemporaneidade, atrevo-me a dizer que estamos
prestes a construir uma educação medíocre, que apenas reproduz conhecimentos,
sem nenhum senso crítico, sem nenhum debate e que não prepara os sujeitos, de
fato, para a vida.
Uma bancada religiosa e sem
conhecimento sobre o assunto justifica tal situação com o argumento de que ao
se tratar desses temas na escola, estaríamos pregando uma “ideologia” de
gênero. No entanto, vale salientar que esse termo foi criado para desmobilizar
um debate que vem tomando conta por ser cada vez mais necessário e emergente.
As questões de gênero e sexualidade, no seu campo de estudos, são vistas como
um conceito, não como uma ideologia,
como andam falando por aí. Um conceito instável, plural, que admite como
legítimas todas as formas de ser e se relacionar dos indivíduos.
Portanto, a retirada do termo
“gênero” da Base que irá nortear a educação de todo um país, em todas as suas
etapas, merece a nossa atenção e nosso olhar. Necessita, urgentemente, da nossa
voz e da nossa participação. No dia 11/08 teremos a Audiência Pública para
discutir a BNCC, que está prestes a ser aprovada, na região Sul, que ocorrerá
em Florianópolis. O Sindprof/NH está viabilizando um ônibus para fazer o
transporte de professores da Rede e demais pessoas interessadas nesse debate. Precisamos estar atent@s para que um poderoso dogmatismo
conservador, disfarçado de “respeito à pluralidade”, não tome conta da educação
brasileira.
Texto de: Jéssica Moraes, professora da EMEI Irmã Valéria, diretora do SindprofNH e mestranda em Educação pela UFRGS.
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