O Sindprofnh participou nos dias 8, 9 e 10 de agosto do Encontro Nacional de Educação, realizado no Rio de Janeiro no Club Municipal Tijuca e na UFRJ, no campi do Fundão. Representaram os professores de Novo Hamburgo as colegas Andreza Formento, Débora Turowczuk e Aline Schefer. Acompanhou a delegação o jornalista Agnaldo Charoy.
O Encontro Nacional da Educação (ENE) tinha como objetivo principal substituir a CONAE (Conferência Nacional da Educação), uma vez que esta foi cancelada em função do ano eleitoral e da repercussão negativa da votação do Plano Nacional da Educação (PNE). Tanto CONAE, quanto PNE mostram a incapacidade dos governos em implementar ações que qualifiquem a educação pública brasileira.
Apesar de anos de discussões a respeito dos desafios e metas para avançar em qualidade, os índices mostram que a verdadeira preocupação do Estado é a quantidade, visto que são os números que lhes têm garantido avançar como país em desenvolvimento e garantir recursos de investidores internacionais.
O Plano Nacional da Educação não tem dado garantias aos alunos e profissionais da educação: as leis não saem do papel, os investimentos são míseros, os professores continuam desvalorizados e os alunos não tem na prática uma equipe de apoio multiprofissional para assegurar que aprendam e superem problemas de ordem cognitiva, fisiológica ou mental. Saúde, transporte, segurança, saneamento básico, trabalho e lazer deveriam, a priori, “andar de braços dados” com a educação.
Professores, estudantes, representantes sindicais e entidades internacionais dos educadores, bem como correntes, movimentos e partidos fizeram parte dos quase três mil participantes que estavam neste encontro. Todos e todas com vontade de mudança e com inúmeros relatos de seus municípios, estados ou países. Repressão, assédio, desvio de verbas, falta de investimento, descumprimento das leis, prédios precários, insuficiência de materiais, dificuldade de transporte, defasagem tecnológica. Este é o quadro da educação brasileira, vivenciada em outros países como o Chile, a Palestina ou Itália.
A grande questão está em como romper com esta história que se repete. Ainda não vivenciamos a democracia. O Brasil não é um estado democrático, da mesma forma que não está livre do racismo, da homofobia, dos preconceitos.
Estar em plena campanha eleitoral renova nossa lembrança de que estamos longe de todas as promessas que a democracia nos fez. Filhos da ditadura, nossos candidatos proclamam aos quatro ventos a solução para todos os problemas.
Infelizmente, o dogma partidário acabou perpassando muito fortemente o ENE, quase o transformando numa cena de puro partidarismo. Foi necessário reafirmar a diversidade e princípios fundamentais de democracia, não previstos pela organização do evento, como a eleição dos relatores e coordenadores dos grupos e a votação das bandeiras.
Num dos grupos, onde a força política dominante no Encontro tinha peso absoluto, em nome da “unidade” não foi feita votação das bandeiras e foram aprovadas coisas díspares, como o sim e o não pelos 10% do PIB para a educação. As bandeiras assumiram uma forma burocrática de se superar o verdadeiro problema, que é o modo como os trabalhadores se relacionam entre si em suas organizações autônomas. A unidade não se dá por concordarmos com determinadas bandeiras de luta, afinal, todos somos mais ou menos anti capitalistas, mas no grau de confiança que temos uns com os outros. E esta confiança se estabelece quando aceitamos o outro com todas as suas divergências num espaço limpo dos dogmas que estreitam as possibilidades de ação.
O encontro no Rio de Janeiro nos faz observar o quanto ainda temos nossos pensamentos divididos. Critica-se aos outros, chamando-os de sectários, ao mesmo tempo em que já se está fazendo o mesmo. O Encontro foi dos educadores e estes se encontraram nos corredores, trocaram ideias com os colegas da cadeira ao lado, ouviram as experiências, os medos, as dúvidas. E perceberam a política de quem se aproveitou do Encontro para fazer campanha eleitoral.
A educação brasileira carece de muito, da educação infantil ao ensino superior. Os mestres carecem de apoio e de autonomia para lecionar, de cultura, lazer, esporte e, sobretudo, saúde; e carecem ambos: estudantes e profissionais. Na escola, todos ensinam e todos aprendem: serviços gerais, secretários, bibliotecários, merendeiros, seguranças. É na troca que a educação se constrói. É ouvindo, falando e encontrando-se no outro que se produz a aprendizagem.
Este foi o ganho do Encontro. Observar como funcionam os grupos, de que formam se organizam, o que pensam e o que defendem. O que podem oferecer à educação. De que forma estruturam suas organizações a fim de defenderem seus pensamentos. Talvez seja assim que se forme um novo projeto político: aquele que abra mão de tudo o que já foi. Que se reinvente.
Organizar é preciso. Lutar é preciso. Discutir é preciso.
Valorizar os diversos pensamentos e potencializá-los para o bem comum é a meta. Dificílima.
Um comentário:
Quais medidas estão sendo tomadas pelo Sindicato em relação a terceirização de 10 Escolas Infantis da cidade de Novo Hamburgo? Em outubro serão mais duas instituições terceirizadas ou "com a gestão terceirizada". Um descaso com a educação pública. Hoje, 09/09, no jornal NH, precisamente na página de editais, mais escolas estão sendo "leiloadas" por essa administração incompetente. O Sindicato precisa unir-se e propor uma ação judicial contra esse fato, a exemplo de outras cidades, que fizeram o mesmo. É um meio de enfraquecimento da categoria, dividir para reina. Vamos tomar alguma providencia. Havendo uma ação coletiva, divulguem e movimentamos a prefeitura. Daqui a pouco serão as Escolas de Ens. fundamental. Afinal, as merendeiras foram terceirizadas, a limpeza também, falta mais algum setor antes dos professores? Se isso é uma gestão democrática, precisamos revisar os conceitos e trocar o regime, já que a ditadura impera na cidade.
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