quinta-feira, 5 de junho de 2014

Problemas e possibilidades

Por trás da grande ofensiva do capital sobre os trabalhadores está um crescente descontentamento da sociedade com os rumos das políticas públicas e o consequente sequestro de direitos, em todos os níveis. A tendência permanente de redução das taxas de lucro do capital é o motor desse processo. Sabemos que essa tendência se dá, por um lado, pelo desenvolvimento das novas tecnologias de produção e de organização da produção; e de outro lado, pela pressão exercida pelos trabalhadores para a melhoria de suas condições de vida.

Neste momento histórico, há uma ascensão dos movimentos reivindicatórios dos trabalhadores, pressionando ainda mais pela redução das taxas de lucro. Esse movimento dos trabalhadores gera uma contra ofensiva dos gestores do capital, recrudescendo as relações entre as classes. São tendências em choque, a mais viva luta de classes.

O processo de construção da hegemonia ideológica da burguesia é muito sutil, cheia de entrelinhas, onde os meios de comunicação e a cooptação econômica cumprem papel decisivo. Mas, se necessário, não tão sutil assim, operando também os medos com o assédio, a repressão e a violência.

O grande nó górdio que amarra o desenrolar da história para os trabalhadores está na ausência de uma direção política. Direção aqui entendida em todos os sentidos: não apenas um líder ou um grupo, mas um conjunto de conceitos e práticas que despertem a confiança da classe e direcionem a energia dessa classe em movimento para um objetivo político unificado.

O Sindprofnh tem sido, desde a sua criação, uma instituição independente de partidos e governos. Não se furtou de lutar, desde a sua fundação, pelos direitos dos trabalhadores, construindo uma crítica muito severa ao sindicalismo dominante na cidade e aos governantes de plantão, mesmo que aqui a política de cooptação dos trabalhadores tenha tomado proporções nunca antes vistas desde que o atual grupo assumiu o Executivo Municipal.

Esta não é, entretanto, uma particularidade de Novo Hamburgo. O Brasil vive esta contradição interna da classe trabalhadora: de um lado uma disposição histórica de lutar; de outro lado a carência de um conjunto de conceitos e práticas que canalizem essa disposição.

De qualquer modo, há no senso comum um repúdio muito forte as estruturas organizativas da sociedade, os partidos e os governos. Mesmo que esta negação também sirva para fechar a saída organizada da classe, pode representar uma possibilidade de caminho para a própria organização da classe: ou seja, percebermos que a criação de alternativas organizativas autônomas e críticas pode proporcionar as condições de possibilidade para as mudanças que queremos.

O tempo urge, porém. Há um evidente movimento do grupo no poder no sentido de esmagar a resistência dos professores à implantação de sua política de privatização da educação. Para consolidar esta política, há um plano de hegemonia do grupo no poder em pleno desenvolvimento. A categoria dos professores (e não o sindicato apenas, pois o sindicato reflete a realidade da categoria, para o bem e para o mal), é a única oposição organizada séria as políticas do governo. E o grupo no poder sabe que pela capacidade de percepção da categoria, a simples oposição a políticas particulares pode se constituir num inimigo consistente às políticas globais. É necessário calar-nos. Esse ataque cumpre, assim, um duplo papel: abre espaço para a privatização e o lucro na educação pública e quebra o foco de resistência política ao projeto global do capital internacional.

Há uma desconsideração total com a organização dos professores, negando toda a pauta de reivindicações, mas ao mesmo tempo fazendo uma grande encenação: uma encenação que pretende transmitir a ideia de diálogo, democracia e, de outro lado, a intransigência dos sindicatos.

É decisivo para a categoria disputar o espaço subjetivo, isto é, o campo das ideias, para que possa, efetivamente, colocar em movimento a categoria e a sociedade em busca de melhores condições de vida para todos. Temos, portanto, a tarefa de ampliar a nossa capacidade de difusão de nosso discurso. E isso se dá em dois níveis: no micro, na qualificação e formação pessoal dos ativistas e no contato direto dos ativistas com a base da categoria e; no macro, na inserção dos ativistas nos debates e organizações políticas em outros âmbitos e na ampla divulgação do discurso para a sociedade.

3 comentários:

Unknown disse...

Quem é o autor do texto?

SindProf / NH disse...

Texto produzido pela Assessoria de Comunicação Social e revisado pelo Conselho Político do Sindprofnh.
Obrigado pela leitura.

Anônimo disse...

Quanto a terceirização das Escolas de Educação Infantil, é possível procurar o Ministério Público? Visto que segundo outras decisões do STF, a nomeação é garantida, mesmo que em caso de cadastro reserva, pois a vaga existe. Porém está sendo preenchida pelo serviço contratado de forma precária (conforme a Lei) pois, conforme, por exemplo o artigo da seguinte fonte: http://www.advogadospublicos.com.br/artigos/artigos.php?id=5 é ílicito o que a administração vem fazendo.