sexta-feira, 16 de maio de 2014

Lições da Copa

Eu não trabalhava
Eu não sabia:
O homem criava
E também destruía
Você vai morrer
E não vai pro céu
É bom aprender
A vida é cruel

Titãs

A primeira instância de produção do sujeito é a família. Ali se instalam as bases do sujeito que somos, na materialização primária do prazer e da dor. E a recompensa é a primeira lógica que estabelecemos com o mundo. Se choramos, nos atendem e a dor passa. Ou podemos ser castigados, se choramos. E a ideia da autoridade: quem pode dar a recompensa e o castigo.

Transportamos esta ideia primaria por toda a nossa vida. O professor encarna as figuras paterna e materna e a sua autoridade; depois o patrão, o diretor, o marido e a esposa, o juiz, o governo.

Insurgir-se contra governos e autoridades é, simbolicamente, se insurgir contra a autoridade paterna e materna. Mas o medo do castigo primário, da perda, nos segura nas cadeiras. A negação do que está posto gera uma consequência assustadora: o que será então? Cadê o colinho da mamãe?

...

A tensão provocada pela super produção é um dos pilares da dinâmica econômica capitalista. A disputa de mercado a partir da oferta ostensiva e da redução de preços provoca o que os economistas chamam de “Crise de Super Produção”, quando existem mais mercadorias do que o mercado pode consumir.

O desenvolvimento das tecnologias de produção e de organização do trabalho acirram esta dinâmica. Foi assim na Crise de 29, na Crise do Petróleo de 74 e na Crise do Sub Prime de 2008. A situação é meio kafkaniana, alguns ganham tanto dinheiro, produzem tanto excedente, que nem o mercado de luxo ou o jogo financeiro da Bolsa de Valores conseguem absorver.

Os grandes eventos esportivos, a Copa do Mundo de Futebol ou as Olimpíadas, cumprem papel importante para absorver esses excedentes. Há um investimento monstro numa estrutura absolutamente inútil socialmente. Mas é esse o objetivo: o resultado do investimento não pode produzir novas mercadorias, que iriam inflacionar o mercado.

O que está acontecendo no Brasil é uma queima de excedente. E os governos, testas de ferro e reprodutores das políticas do Fórum Econômico Mundial, garantem a ferro e fogo o melhor retorno paras os investimentos.

Aliás, uma proposta pedagógica interessante talvez seja analisarmos com nossos alunos os impactos da Copa, como alguns colegas já fizeram. Com certeza, estaremos despertando um olhar crítico e ativo em nossos alunos, muito mais do que o clima ufanista e alienante das “Olimpíadas da Copa”.

Façamo-nos algumas perguntas:

Por que trabalhar voluntariamente se os promotores estão ganhando milhões?
Por que tanto dinheiro numa estrutura inútil se faltam casas, postos de saúde, escolas?
Por que as remoções?
Por que as leis especiais da Copa?
Por que não pode haver manifestações políticas no perímetro dos estádios?

2 comentários:

Anônimo disse...

Muita ideologia, muito papo e pouca ação! Afinal, o que está por trás do Sindprofnh? É uma cortina de fumaça, postando textos enfadonhos extraídos de uma cartilha comunista ultrapassada? Qual o propósito disso? Gerar um efeito "catarse" para provocar uma ilusão de que "estamos indo a algum lugar", quando na verdade agem em benefício da administração pública atual? SINDPROFNH, esse discurso cheio de empáfia parte de lugar algum em direção a lugar nenhum! O que está acontecendo? Os tentáculos do PT são maiores e mais perniciosos do que a vã filosofia do cidadão comum ousava imaginar? A questão é, em termos práticos, qual é o plano, SINDPROFNH? Qual o próximo passo, o próximo ato CONCRETO e não meramente discursivo?

Anônimo disse...

Agem em benefício da administração pública atual?
Alguém pode me explicar se esta acusação procede? E qual a fonte?