segunda-feira, 20 de março de 2017

Terceirização e Reforma Trabalhista: ataques não se limitam à aposentadoria.

Engana-se quem pensa que já se chegou ao fundo do poço com a proposta de Reforma da Previdência. Ela não é a única. Está na pauta a Reforma Trabalhista, Terceirizações e cerceamento do direito de greve.


O governo Temer e seus deputados aliados “tremeram na base” com os atos da última quarta-feira, dia 15 de março. Por isso, a votação do ataque à aposentadoria foi adiada para maio e o projeto de alterações na Terceirização  foi antecipado e, junto com ele, a Reforma Trabalhista.

Hoje, no blog do SindprofNH, abordaremos sobre estas mudanças propostas para a Terceirização. Em breve, discutiremos sobre outros aspectos da Reforma Trabalhista e ataques ao direito de greve dos servidores.

Em tempo: Antes de ler sobre as mudanças para a terceirização, ressaltamos que em Novo Hamburgo a categoria já sente na pele este modelo de terceirização, maquiada sob a forma de “contratos de gestão”, em doze Escolas Municipais de Educação Infantil. Inúmeros fatores descritos abaixo também se enquadram perfeitamente na situação das professoras e professores destas EMEIs.


Por que a terceirização é nociva aos trabalhadores?

As alterações propostas e que devem ir à votação nesta semana permitem que a empresa terceirize a atividade-fim, o que atualmente não é permitido.

O salário de trabalhadores terceirizados é menor. Chega a ser 24% menor do que o dos empregados regulares, segundo o Dieese. Também trabalham mais, em média, 3 horas a mais por semana. Como consequência, o número de vagas deve cair em todos os setores.

Os terceirizados são mais suscetíveis a acidentes. Por exemplo, mais de 80% dos mortos em serviço na Petrobrás entre 1995 e 2013 eram subcontratados. Isto porque companhias de menor porte não têm as mesmas condições para dar segurança aos seus empregados, além de receberem menos cobrança e fiscalização.

A terceirização discrimina. Com refeitórios, vestiários e uniformes que os diferenciam, incentiva-se a percepção discriminatória de que são trabalhadores de “segunda classe”.

Terceirização enfraquece a luta. Trabalham em um mesmo local, com patrões diferentes e representados por sindicatos distintos. Essa divisão os isola, tornando praticamente impossível negociar de forma conjunta ou de fazer ações como greves.

A terceirização explora. Entre 2010 e 2014, cerca de 90% dos trabalhadores resgatados nos dez maiores flagrantes de trabalho escravo contemporâneo eram terceirizados, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego. Casos como esses já acontecem em setores como mineração, confecções e manutenção elétrica.

A terceirização protege os maus empregadores. Fica mais difícil responsabilizar empregadores que desrespeitam os direitos trabalhistas porque a relação entre a empresa principal e o funcionário terceirizado é distante e difícil de ser comprovada. Em dezembro de 2016, o Tribunal Superior do Trabalho tinha 15.082 processos sobre terceirização na fila para serem julgados e a perspectiva dos juízes é que esse número aumente.

A terceirização incentiva a corrupção. Casos como o do bicheiro Carlos Cachoeira e do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda envolviam a terceirização de serviços públicos. Em diversos casos menores, contratos fraudulentos de terceirização também foram usados para desviar dinheiro do Estado. Para o procurador do trabalho Rafael Gomes, a nova lei libera a corrupção nas terceirizações do setor público. A saúde e a educação pública perdem dinheiro com isso.

O Estado arrecada menos e gasta mais. Como o trabalho terceirizado transfere funcionários para empresas menores, isso diminuiria a arrecadação do Estado. Ao mesmo tempo, a ampliação da terceirização deve provocar uma sobrecarga adicional ao SUS (Sistema Único de Saúde) e ao INSS. Segundo juízes do TST, isso acontece porque os trabalhadores terceirizados são vítimas de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais com maior frequência, o que gera gastos ao setor público.


Fonte: Repórter Brasil: Adaptado de http://novemotivosparavocesepreocuparcomanoval.webflow.io/, acesso em 20 de março de 2017.

Nenhum comentário: