quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Onda de greves varre o Brasil

A classe trabalhadora brasileira está vivendo um momento importante de quebra de paradigmas. A luta direta reassume seu lugar. As jornadas de junho deixaram marcas profundas e neste segundo semestre uma onda de greves varre o Brasil. O setor público é destaque, especialmente os professores, que estão parados em vários estados.
O movimento da classe pode ser observado já desde 2012, quando o número de greves no país chegou a 873, segundo o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas (DIEESE), mostrando um crescimento de quase 60% em relação ao ano anterior e atingindo níveis próximos aos dos anos 94/95/96.
A opinião do DIEESE é de que com o aumento do poder aquisitivo e a ampliação do mercado de trabalho, os trabalhadores estariam mais seguros para fazerem greves, ou seja, as greves seriam por “culpa” do crescimento econômico. Para embasar sua opinião, diz que a maioria das greves viu atendidas, pelo menos parcialmente, suas reivindicações e que a falta de mão-de-obra obriga os patrões a negociar.
Realmente, existe uma ampliação do mercado de trabalho, mas este se dá sobre uma nova base de exploração; ou seja, as condições de trabalho recrudesceram no último período de ascenso do capital e a luta dos trabalhadores se limita a reposição ao patamar anterior. O capital arrochou as condições de trabalho e, com isso, ampliou sua margem de lucro, o que o fez reinvestir. As vagas criadas no último período têm piores condições do que os contratos anteriores. A eliminação dos planos de carreira antigos e a imposição de novos restringindo direitos no serviço público, é eloquente exemplo desse processo.
O retorno à luta por parte da classe trabalhadora se dá por um outro fenômeno, o fenômeno subjetivo (associações cerebrais): o fim da identidade de classe com o grupo que virou governo. As novas gerações não viveram a experiência do PT revolucionário (sic!) e, por isso, não tem o menor compromisso com este governo. Ao contrário, sua experiência de vida é sobre um PT capitalista e corrupto.

O que ocorre – e esta ideia foi muito explorada nas jornadas de junho -, é que não se construiu neste período um novo agrupamento capaz de amalgamar a classe enquanto classe para si. Ainda não se constitui no Brasil uma nova referência de poder para a classe. Mas as greves estão aí para mostrar que ela está ativa.

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