A classe trabalhadora brasileira
está vivendo um momento importante de quebra de paradigmas. A luta direta
reassume seu lugar. As jornadas de junho deixaram marcas profundas e neste
segundo semestre uma onda de greves varre o Brasil. O setor público é destaque,
especialmente os professores, que estão parados em vários estados.
O movimento da classe pode ser
observado já desde 2012, quando o número de greves no país chegou a 873,
segundo o Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Sócio Econômicas
(DIEESE), mostrando um crescimento de quase 60% em relação ao ano anterior e
atingindo níveis próximos aos dos anos 94/95/96.
A opinião do DIEESE é de que com
o aumento do poder aquisitivo e a ampliação do mercado de trabalho, os
trabalhadores estariam mais seguros para fazerem greves, ou seja, as greves
seriam por “culpa” do crescimento econômico. Para embasar sua opinião, diz que
a maioria das greves viu atendidas, pelo menos parcialmente, suas
reivindicações e que a falta de mão-de-obra obriga os patrões a negociar.
Realmente, existe uma ampliação
do mercado de trabalho, mas este se dá sobre uma nova base de exploração; ou
seja, as condições de trabalho recrudesceram no último período de ascenso do
capital e a luta dos trabalhadores se limita a reposição ao patamar anterior. O
capital arrochou as condições de trabalho e, com isso, ampliou sua margem de
lucro, o que o fez reinvestir. As vagas criadas no último período têm piores
condições do que os contratos anteriores. A eliminação dos planos de carreira
antigos e a imposição de novos restringindo direitos no serviço público, é eloquente
exemplo desse processo.
O retorno à luta por parte da
classe trabalhadora se dá por um outro fenômeno, o fenômeno subjetivo
(associações cerebrais): o fim da identidade de classe com o grupo que virou
governo. As novas gerações não viveram a experiência do PT revolucionário
(sic!) e, por isso, não tem o menor compromisso com este governo. Ao contrário,
sua experiência de vida é sobre um PT capitalista e corrupto.
O que ocorre – e esta ideia foi
muito explorada nas jornadas de junho -, é que não se construiu neste período
um novo agrupamento capaz de amalgamar a classe enquanto classe para si. Ainda
não se constitui no Brasil uma nova referência de poder para a classe. Mas as
greves estão aí para mostrar que ela está ativa.
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