terça-feira, 21 de agosto de 2012

IDEB: avaliação ou instrumento de propaganda e coerção?

O Ministério da Educação (MEC) divulgou no final da tarde dessa terça-feira (14) o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011. Mais uma vez, vemos esse Índice ser utilizado como propaganda pela Prefeitura e como instrumento de coerção pelos chefes de núcleos, que visitaram as unidades ao longo do mês de agosto.

Toda avaliação deveria ter como princípio identificar as falhas de aprendizado, possibilitando diagnosticar também os motivos que provocam essas dificuldades. Afinal, tão importante quanto constatar que os alunos têm dificuldade de leitura, é saber quais são as causas dessa dificuldade para que possamos elaborar estratégias de enfrentamento. Só a partir desse diagnóstico completo dos problemas e de suas origens, é possível utilizar a avaliação como um instrumento que fundamente a elaboração de ações e políticas públicas que avancem de fato na melhoria da qualidade da educação.

Entretanto, não é a isso que o IDEB se propõe. O Índice, baseado apenas em critérios quantitativos, é calculado com base na taxa de aprovação de um ano para outro, medida pelo Censo Escolar, e na média obtida pelos alunos nas avaliações nacionais: Prova Brasil (para ensino fundamental) e Saeb (para ensino médio).

A avaliação não leva em consideração a realidade socioeconômica da região onde a escola está inserida. Também não analisa a infraestrutura das unidades, o número de alunos em sala de aula ou as condições de trabalho dos professores.

Propaganda
Pela quarta vez consecutiva, Curitiba ficou em 1º lugar, empatada com Belo Horizonte (MG), no ranking das capitais. A Prefeitura não divulga, entretanto, que se considerarmos o resultado da rede pública de todos os municípios brasileiros, e não apenas das capitais, Curitiba aparece depois da posição 800.

A administração municipal também não anuncia quais são hoje os entraves que devem ser superados para avançarmos na qualidade da educação. Apesar de reconhecer que o Índice é resultado da “dedicação e comprometimento“ dos profissionais do magistério municipal, o anúncio da nota não é acompanhado da necessária valorização dos trabalhadores que se dedicam à educação, nem de ações que avancem na melhoria das nossas condições de trabalho, como o cumprimento dos 33,33% de hora-atividade e a revisão da portaria de dimensionamento.

Avaliação para que?
Para além da propaganda e da coerção, devemos lutar pela criação de instrumentos de avaliação – cujos critérios devem ser debatidos e definidos pelo conjunto dos trabalhadores – que nos possibilitem diagnosticar os problemas e avançar em sua superação.

FONTE:SISMMAC

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