domingo, 29 de maio de 2011

NOTA DE REPÚDIO A SÉRIE DE REPORTAGEM BLITZ DA EDUCAÇÃO


O SINDPROF/NH reafirma para a comunidade hamburguense a sua defesa dos princípios da Educação Pública, Gratuita, Universal, Laica e de Qualidade como fundamento da democracia e da justiça social. Educação tratada como dever do Estado e como direito de todos, sem segregação de classe, de gênero, de raça e etnia.
Portanto, repudiamos o ranquiamento de escolas e a classificação em melhor e pior, pois consideramos que cada instituição esta inserida em uma comunidade que possui características, sociais, culturais e econômicas complexas, e que por falta de políticas públicas eficientes, acabam influenciando na sua dinâmica e lamentavelmente no “desempenho” de alunos e professores.
Entre os dias 16 e 20 de maio de 2011, o Brasil assistiu em rede nacional uma série de reportagens, que tinha a “nobre” pretensão de mostrar a realidade da educação brasileira e destacar o que dá certo e o que dá errado na educação.
 Para atingir seu fim contratou um “especialista”, ou melhor, dizendo um economista, portador de uma excelente formação acadêmica, mas que nunca atuou na escola pública, e que se quer possivelmente tenha estudado em uma escola pública. O “especialista” em questão é formado em Ciência política e Administração estratégica pela Wharton School, na Universidade da Pensilvânia e mestrado em Economia internacional e Desenvolvimento econômico, pela Universidade Yale, nos Estados Unidos da América.
E para servir de “cobaias” e referendar suas “verdades” sobre a escola pública brasileira, escolheu professores e alunos de 10 escolas brasileiras, entre elas 02 de Novo Hamburgo, segundo a reportagem a “melhor” e a “pior” escola de nossa cidade, pois obtiveram a melhor e a pior nota no IDEB.
Após  uma visita de cerca de 90 minutos em cada escola, de uma forma superficial e irresponsável atribuiu o “sucesso” de uma por possuir limpeza, disciplina, organização e cuidado com as crianças, já para a outra o seu “fracasso” era resultado da falta de comprometimento de seus professores e porque a escola não estabelece parceria com os pais.
Em nenhum momento a reportagem problematiza as políticas públicas oferecidas a estas duas realidades distintas, ou a falta delas. Nem sequer é capaz de questionar o porquê de uma das escolas apresentar péssimas instalações, falta de professores, recursos materiais.
Portanto, não é possível aceitarmos que professores e professoras sejam sentenciados e julgados pelo sucesso ou fracasso de seus alunos com base em testes padronizados que se baseiam em critérios de eficiência, eficácia e produtividade, originários da economia de mercado e que atendem as agências internacionais como o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional, a Organização das Nações  Unidas para a Educação, a Ciência, e a Cultura,  em momento algum buscam uma educação de “boa qualidade” respeitando o contexto histórico-social complexo ao qual nossos  alunos estão inseridos.
É necessário sim que possamos buscar uma escola de “boa qualidade”, que valorize as aprendizagens significativas, que atendam a necessidade de nossos alunos para que sejam capazes de transformar a sua realidade e isso só será possível se tivermos políticas públicas eficientes.
SINDPROF/NH 

7 comentários:

Recanto da Alegria disse...

Excelente texto.
Objetivo e ao mesmo tempo profundo.
Temos mesmo que nos indignar com a situação atual da educação brasileira.
Pode ser que muitas pessoas nunca precisem de um advogado, de um decorador... mas certamente necessitaram ou necessitarão de um professor.

Juliana Bohn disse...

Infelizmente não concordo com a posição do sindicato. Acredito que fazer análises sobre qual era o objetivo da reportagem só a afasta daquilo que deveria ter sido o mais importante:a mobilização da sociedade para descobrir o que acontece na educação de Novo Hamburgo. Os professores jogaram em seus ombros uma responsabilidade que deveria ter sido exposta em rede nacional. Perderam a oportunidade de questionar e criticar, será que não seria esse o conformismo a que o especialista se referia? Eu não vi qualquer sinal de indignação naquelas pessoas. O conformismo não está somente lá, está em boa parte de nossas escolas, pois o que percebemos é que continuamos aceitando ideias que não são discutidas por nós(pacto de aprendizagem), por exemplo. Questiono: cerca de 15 professores em uma audiência pública para discutir a educação de nosso município não é conformismo? Quantos professores da escola citada na reportagem estavam lá para pedir providências? Vamos lidar com fatos: vidros quebrados, analfabetismo funcional, falta de professores...a reportagem mostrou a verdade e o que foi feito depois? Nada. Isso é conformismo.

Juliana Bohn disse...

Infelizmente não concordo com a posição do sindicato. Acredito que fazer análises sobre qual era o objetivo da reportagem só a afasta daquilo que deveria ter sido o mais importante:a mobilização da sociedade para descobrir o que acontece na educação de Novo Hamburgo. Os professores jogaram em seus ombros uma responsabilidade que deveria ter sido exposta em rede nacional. Perderam a oportunidade de questionar e criticar, será que não seria esse o conformismo a que o especialista se referia? Eu não vi qualquer sinal de indignação naquelas pessoas. O conformismo não está somente lá, está em boa parte de nossas escolas, pois o que percebemos é que continuamos aceitando ideias que não são discutidas por nós(pacto de aprendizagem), por exemplo. Questiono: cerca de 15 professores em uma audiência pública para discutir a educação de nosso município não é conformismo? Quantos professores da escola citada na reportagem estavam lá para pedir providências? Vamos lidar com fatos: vidros quebrados, analfabetismo funcional, falta de professores...a reportagem mostrou a verdade e o que foi feito depois? Nada. Isso é conformismo.

Anônimo disse...

PARABENIZO O SINDICATO PELO SEU POSICIONANENTO, COM CERTEZA A GLOBO NÃO MOSTROU A VERDADE.
FORAM 90 MINUTOS DE VISITA QUE FORAM REDUZIDOS PARA IREM AO AR.FALTA DE RESPEITO COM O PROFESSOR E DIREÇÃO, QUE NÃO PODEM FALAR O QUE PENSAM.EXISTE UMA DIFERENÇA MUITO GRANDE ENTRE AS ESCOLAS DA REDE, UMAS RECEBEM ATENÇÃO DEMASIADAMENTE, OUTRAS PARECER NÃO PERTENCER AO MUNDO DOS VIVOS.
JÁ TRABALHEI NA EUGÊNIO, UM LUGAR ONDE OS PROFISSIONAIS CARREGAM SOZINHOS A ESCOLA, QUEM DERA QUE OS MAIORES PROBLEMAS FOSSEM OS VIDROS QUEBRADOS!QUEM ESTÁ LÁ ACREDITA NO SER HUMANO E SABE QUE FAZ A DIFERENÇA NA VIDA DAQUELAS PESSOAS, NÃO TEM SALÁRIO QUE PAGUE AQUELES PROFISSIONAIS. ALIÁS ESTAMOS LONGE DE TERMOS UM SALÁRIO DIGNO.POR QUE A GLOBO NÃO CONTRATA UM "ESPECIALISTA" PARA ACOMPANHAR A ROTINA DE UM PROFESSOR? POR QUE O DR. DRÁUZIO VARELA NÃO INVESTIGA A SAÚDE DO PROFESSOR?
POR QUE TANTOS PROFESSORES EM TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO E PSICOLÓGICO? FAÇAM UM LEVANTAMENTO DE QUANTOS PROFISSIONAIS SE MEDICAM DIARIAMENTE, ANTIDEPRESSIVOS, ANSIOLÍTICOS... E OUTROS MAIS.
O PROFESSOR TRABALHA MUITO? NÃO DEVIA DESDOBRAR?
SERIA MELHOR TRABALHAR 20 HORAS E O SALÁRIO? VOU FICANDO POR AQUI A GLOBO QUE FAÇA UM VERDADEIRO PROGRAMA SOBRE EDUCAÇÃO E MOSTRE TODA A VERDADE.

Anônimo disse...

Por que tanta indignação???? Se uma professora diz: "Não vou te dizer que realmente os vidros quebrados não fazem a diferença, porque fazem. Mas é muito gostoso vir todos os dias trabalhar nessa escola porque eu realmente gosto muito." Não é concordar e aceitar o fato de que uma escola de periferia pode ter vidros quebrados e lâmpadas queimadas, mais do que as famílias, professores e direção são responsáveis diretos pela manutenção física, eles representam o ente público neste local.
A alfabetizadora, simplesmente repassa a anos anteriores os deficits de aprendizagem e a ausência da estrutura tradicional de família, ou seja ela não sabe responder qual a causa de não obter êxito na alfabetização.Sua fala indica que não problematiza, analisa, avalia, as causas do insucesso.
Entendo que a avaliação realizada procede. O momento era oportuno para que questionar falta de verbas para manutenção, horas de planejamento, de professores e a opção foi tentar justificar na problemática social do bairro a causa dos baixos índices.

Anônimo disse...

Sempre a mesma conversa dos sindicados cooptados pela petezada. Existe diferença, sim, no modo de educar, não banquem os salvadores da pátria porque vocês não são. Olhem-se no espelho, por favor. Felizmente ainda existe, debaixo do céu deste país, gente que pensa com a própria massa cinzenta e não precisa da esqerdomania para dizer como temos de agir. Um verdadeiro fracasso esse texto. Vão cuidar da verdadeira educação despojada de ideologias deletérias. Enquanto os sindicatos não forem independentes e não pelegos, não teremos educação de qualidade neste país. Disse.

Anônimo disse...

Para que tanta indignação?
Como sempre a culpa pelo fracasso escolar vira em direção aos professores que não fazem seu papel direito e a comunidade que não ajuda.Mas colegas e nossos representantes que não nos dão condições dignas de trabalho?Que fazem eles? Que parte da culpa eles carregam?
Nenhuma, enquanto baixarmos a cabeça e aceitar tudo sem revendicar nossos direitos.