O número de formandos em cursos que preparam professores para lecionar
física e matemática nas escolas básicas caiu no ano passado, apontam
estatísticas oficiais do Ministério da Educação.
Juntamente com química, elas estão entre as matérias que possuem maiores
deficits de docentes nos colégios fundamentais e médios do país,
principalmente nos públicos.
O panorama faz com que o próprio governo reconheça que os cursos de formação de professores deveriam crescer.
As três áreas, em geral, se expandiam fortemente até 2010 (em ingressantes, concluintes e matrículas).
No ano passado, porém, elas pararam de crescer. E chegou a haver recuo de 8% nos formandos em física e de 6% em matemática.
As informações estão presentes no detalhamento do Censo da Educação Superior 2011, divulgado ontem.
NOVAS ESCOLAS
"O governo entende que não é o momento de parar de crescer nessas
áreas", disse o presidente do Inep (instituto do ministério responsável
pelas estatísticas), Luiz Cláudio Costa, escolhido pela pasta para
comentar os dados.
Segundo ele, o panorama atual pode estar relacionado a um assentamento após a expansão rápida recente.
Mas ele afirma que o governo tentará retomar a aceleração, com novas
universidades e institutos federais, que terão cursos de licenciatura.
O último levantamento do ministério, de 2008, aponta que nessas três
matérias faltavam mais de 160 mil professores nas escolas básicas do
país --situação que atinge até Estados ricos como São Paulo, que
precisam recorrer a docentes reprovados ou que nem foram avaliados.
Em 2011, foram formados 14 mil universitários para a docência nessas
disciplinas. Número inferior, por exemplo, ao de direito (95 mil).
ATRATIVIDADE
Além de ter caído o crescimento nos cursos para formar docentes, outro
problema que o país enfrenta é o volume de recém-formados que desistem
do magistério.
"Principalmente nessas três matérias, poucos dos meus alunos querem
seguir dando aulas", afirmou a professora da Faculdade de Educação da
USP Paula Louzano.
A impressão já foi confirmada em estudo da própria universidade, que
perguntou aos calouros de licenciatura em física e em matemática de 2010
se eles gostariam de seguir no magistério. Quase a metade disse que
não.
Segundo o ministério, a carreira docente tem melhorado, o que terá
impacto na atratividade para cursos que formam professores e na retenção
dos formados.
Uma das principais melhorias, diz a pasta, foi a adoção do piso salarial
nacional (R$ 1.451) --que garante que o professor fique 1/3 da jornada
fora da sala de aula (em atividades como preparação de aulas e correção
de prova).
FÁBIO TAKAHASHI
FOLHA DE SÃO PAULO, 27/10/2012
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