Como ocorre há alguns anos, as
escolas se organizam para a realização da pesquisa socioantropológica.
Professoras e professores vão às casas dos alunos para aplicá-la, com perguntas
relativas ao aprendizado, à comunidade, escola, rotina dos alunos, entre outros
temas.
Paulo Freire, nos anos 1960, deu
início aos estudos que tratam da importância de conhecer a realidade dos
educandos e partir daí projetar a ação pedagógica. A pesquisa socioantropológica
é uma das formas que contribuem para a interação escola X aluno X comunidade.
A crítica que fazemos sobre a
realização desta pesquisa em Novo Hamburgo se baseia mais na forma como é
encaminhada do que sobre o seu significado.
Os dados coletados são tabulados e muitas vezes engavetados. Também o formalismo do processo acaba constrangendo as famílias, limitando as respostas. Acabamos conhecendo muito mais a comunidade durante o cotidiano escolar. E
é um conhecimento mais autêntico e franco do que nas respostas dadas formalmente
durante a realização da pesquisa.
Não há apoio durante a aplicação. Professoras e professores devem usar seus próprios meios de
transporte e arcar com gastos, já que em muitas escolas é necessário utilizar
de tal deslocamento para se chegar até as famílias. Ou ir a pé e correr o risco
de se machucar nas ruas esburacadas, animais soltos ou com a violência
urbana.
Aliás, este último merece uma
atenção especial. Todos que realizam a pesquisa socioantropológica estão
expostos a este problema que só cresce em todos os bairros do município.
Inclusive hoje, 09 de março, o Jornal NH noticia o aumento da violência no
entorno das escolas. Os dados do Registro On-line de Violência nas Escolas
(ROVE) mostram que em dois meses foram feitas 47 ocorrências no entorno dos
dois estabelecimentos de ensino participantes do projeto-piloto. Além dos
arrombamentos e furtos que ocorrem constantemente nas escolas, muitas vezes silenciados
pela SMED para evitar uma “propaganda negativa”.
Portanto, aqueles colegas que não
se sentirem seguros para realizar a pesquisa socioantropológica,
de acordo com o que determinou a SMED, devem chamar as famílias até as escolas
para aplicá-la ou solicitar os meios de deslocamento, além do acompanhamento da
guarda municipal.
A SMED será responsável pelos
incidentes que vierem a ocorrer durante a realização da pesquisa
socioantropológica? É responsabilidade dos gestores garantir a segurança e o
deslocamento para tal tarefa. Nenhuma professora, professor, funcionária ou
funcionário pode ser obrigado a alguma tarefa em que sua integridade física seja
colocada em risco, nem arcar com transporte e combustível, além do seu
deslocamento cotidiano para o local de trabalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário