quarta-feira, 9 de março de 2016

Pesquisa Socioantropológica: professores arcam com deslocamento e estão expostos à violência urbana.

Como ocorre há alguns anos, as escolas se organizam para a realização da pesquisa socioantropológica. Professoras e professores vão às casas dos alunos para aplicá-la, com perguntas relativas ao aprendizado, à comunidade, escola, rotina dos alunos, entre outros temas.

Paulo Freire, nos anos 1960, deu início aos estudos que tratam da importância de conhecer a realidade dos educandos e partir daí projetar a ação pedagógica. A pesquisa socioantropológica é uma das formas que contribuem para a interação escola X aluno X comunidade.

A crítica que fazemos sobre a realização desta pesquisa em Novo Hamburgo se baseia mais na forma como é encaminhada do que sobre o seu significado.

Os  dados coletados são tabulados e muitas vezes engavetados. Também o formalismo do processo acaba constrangendo as famílias, limitando as respostas. Acabamos conhecendo muito mais a comunidade durante o cotidiano escolar. E é um conhecimento mais autêntico e franco do que nas respostas dadas formalmente durante a realização da pesquisa.

Não há apoio durante a aplicação. Professoras e professores devem usar seus próprios meios de transporte e arcar com gastos, já que em muitas escolas é necessário utilizar de tal deslocamento para se chegar até as famílias. Ou ir a pé e correr o risco de se machucar nas ruas esburacadas, animais soltos ou com a violência urbana.

Aliás, este último merece uma atenção especial. Todos que realizam a pesquisa socioantropológica estão expostos a este problema que só cresce em todos os bairros do município. Inclusive hoje, 09 de março, o Jornal NH noticia o aumento da violência no entorno das escolas. Os dados do Registro On-line de Violência nas Escolas (ROVE) mostram que em dois meses foram feitas 47 ocorrências no entorno dos dois estabelecimentos de ensino participantes do projeto-piloto. Além dos arrombamentos e furtos que ocorrem constantemente nas escolas, muitas vezes silenciados pela SMED para evitar uma “propaganda negativa”.

Portanto, aqueles colegas que não se sentirem seguros para realizar a pesquisa socioantropológica, de acordo com o que determinou a SMED, devem chamar as famílias até as escolas para aplicá-la ou solicitar os meios de deslocamento, além do acompanhamento da guarda municipal.


A SMED será responsável pelos incidentes que vierem a ocorrer durante a realização da pesquisa socioantropológica? É responsabilidade dos gestores garantir a segurança e o deslocamento para tal tarefa. Nenhuma professora, professor, funcionária ou funcionário pode ser obrigado a alguma tarefa em que sua integridade física seja colocada em risco, nem arcar com transporte e combustível, além do seu deslocamento cotidiano para o local de trabalho.

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