Pesquisa aponta que 92% dos profissionais têm autonomia cerceada pelas operadoras
Karina Toledo - O Estado de S.Paulo
Pesquisa divulgada ontem revela quais são os piores planos de saúde na opinião dos médicos credenciados. Mais de 90% dos 2.184 entrevistados em todo o País disseram sofrer interferência das operadoras em sua autonomia profissional. Para esses médicos, os principais problemas são a recusa de pagamento de consultas e procedimentos realizados (78%), pressão para reduzir o número de exames (75%) e restrições a doenças pré-existentes (70%).
Citada em todas as sete categorias, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) se destacou como a operadora que mais interfere na autonomia do médico. A Amil, mencionada em cinco aspectos, é a segunda marca com maior presença. Bradesco Saúde é lembrado entre os planos que mais interferem em período de internação pré-operatório, restrições para doenças pré-existentes e atos diagnósticos e terapêuticos mediante a designação de auditores. Já a Sul América está na primeira posição em recusa de pagamento de procedimentos, ao lado de Cassi e Amil.
Tendo como referência uma escala de 0 a 10, os médicos atribuíram, em média, nota 5 para as operadoras. O levantamento foi feito pelo Datafolha a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). Foram entrevistados médicos que tenham trabalhado com, no mínimo, três planos ou seguros saúde nos últimos cinco anos. A margem de erro é de cinco pontos porcentuais para mais ou para menos.
Os resultados são similares aos de uma pesquisa feita no Estado de São Paulo e divulgada pela APM em setembro. "Até as operadoras citadas são as mesmas. Parece haver uma conduta generalizada de algumas empresas", afirma Jorge Curi, presidente da entidade. Para ele, os dados revelados na pesquisa e a mobilização de diversas especialidades médicas para reivindicar reajustes na remuneração paga aos médicos são sinais de que o sistema de saúde suplementar está entrando em colapso.
"Criou-se a prática da consulta rápida. Como o médico não conversa direito com o paciente, precisa pedir mais exames. O paciente não se sente acolhido, procura outro médico e faz nova consulta", explica Curi. Segundo ele, esse processo eleva o custo do sistema e dificulta a resolução do problema. "Fica todo mundo insatisfeito e, muitas vezes, o paciente acaba tendo de recorrer ao SUS."
A solução apontada tanto por Curi quanto por Aloísio Tibiriça, do Conselho Federal de Medicina, é uma revisão na legislação que regulamenta o setor de forma a dar poderes à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para modular a relação entre as operadoras e os médicos. Hoje, a agência interfere apenas na relação da empresas com seus consumidores.
"Os médicos também podem entrar com processo judicial contra os planos ou denunciar os responsáveis médicos aos conselhos de medicina. Mas eles vivem com a espada do descredenciamento sobre suas cabeças. E boa parte do faturamento deles depende dos planos", diz Tibiriçá. Segundo a pesquisa, oito em cada dez consultas são provenientes de convênios médicos.
Respostas. A FenaSaúde, representante dos planos, afirma que suas afiliadas não restringem procedimentos desde que estejam previstos nas coberturas contratuais e nas diretrizes da ANS. Assim como a Sul America, a FenaSaúde diz que participa dos debates liderados pela ANS sobre os modelos de remuneração dos prestadores de serviços.
A Cassi diz estar surpresa com os resultados, pois, segundo relatório da ANS, os valores pagos por ela aos médicos estão alinhados com a média de mercado. Ressalta ainda que pesquisa realizada com usuários apontou 88% de satisfação. Amil e Medial dizem oferecer os melhores recursos na gestão da saúde de seus beneficiários e cumprir as determinações da ANS.
A Geap - Fundação de Seguridade Social conta que em 2009 não mediu esforços e reduziu em 62% as dívidas de mais de 90 dias com hospitais, médicos e fornecedores.
Procurado, Bradesco Saúde não se manifestou.
Karina Toledo - O Estado de S.Paulo
Pesquisa divulgada ontem revela quais são os piores planos de saúde na opinião dos médicos credenciados. Mais de 90% dos 2.184 entrevistados em todo o País disseram sofrer interferência das operadoras em sua autonomia profissional. Para esses médicos, os principais problemas são a recusa de pagamento de consultas e procedimentos realizados (78%), pressão para reduzir o número de exames (75%) e restrições a doenças pré-existentes (70%).
Citada em todas as sete categorias, a Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil (Cassi) se destacou como a operadora que mais interfere na autonomia do médico. A Amil, mencionada em cinco aspectos, é a segunda marca com maior presença. Bradesco Saúde é lembrado entre os planos que mais interferem em período de internação pré-operatório, restrições para doenças pré-existentes e atos diagnósticos e terapêuticos mediante a designação de auditores. Já a Sul América está na primeira posição em recusa de pagamento de procedimentos, ao lado de Cassi e Amil.
Tendo como referência uma escala de 0 a 10, os médicos atribuíram, em média, nota 5 para as operadoras. O levantamento foi feito pelo Datafolha a pedido da Associação Paulista de Medicina (APM) e pela Associação Médica Brasileira (AMB). Foram entrevistados médicos que tenham trabalhado com, no mínimo, três planos ou seguros saúde nos últimos cinco anos. A margem de erro é de cinco pontos porcentuais para mais ou para menos.
Os resultados são similares aos de uma pesquisa feita no Estado de São Paulo e divulgada pela APM em setembro. "Até as operadoras citadas são as mesmas. Parece haver uma conduta generalizada de algumas empresas", afirma Jorge Curi, presidente da entidade. Para ele, os dados revelados na pesquisa e a mobilização de diversas especialidades médicas para reivindicar reajustes na remuneração paga aos médicos são sinais de que o sistema de saúde suplementar está entrando em colapso.
"Criou-se a prática da consulta rápida. Como o médico não conversa direito com o paciente, precisa pedir mais exames. O paciente não se sente acolhido, procura outro médico e faz nova consulta", explica Curi. Segundo ele, esse processo eleva o custo do sistema e dificulta a resolução do problema. "Fica todo mundo insatisfeito e, muitas vezes, o paciente acaba tendo de recorrer ao SUS."
A solução apontada tanto por Curi quanto por Aloísio Tibiriça, do Conselho Federal de Medicina, é uma revisão na legislação que regulamenta o setor de forma a dar poderes à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para modular a relação entre as operadoras e os médicos. Hoje, a agência interfere apenas na relação da empresas com seus consumidores.
"Os médicos também podem entrar com processo judicial contra os planos ou denunciar os responsáveis médicos aos conselhos de medicina. Mas eles vivem com a espada do descredenciamento sobre suas cabeças. E boa parte do faturamento deles depende dos planos", diz Tibiriçá. Segundo a pesquisa, oito em cada dez consultas são provenientes de convênios médicos.
Respostas. A FenaSaúde, representante dos planos, afirma que suas afiliadas não restringem procedimentos desde que estejam previstos nas coberturas contratuais e nas diretrizes da ANS. Assim como a Sul America, a FenaSaúde diz que participa dos debates liderados pela ANS sobre os modelos de remuneração dos prestadores de serviços.
A Cassi diz estar surpresa com os resultados, pois, segundo relatório da ANS, os valores pagos por ela aos médicos estão alinhados com a média de mercado. Ressalta ainda que pesquisa realizada com usuários apontou 88% de satisfação. Amil e Medial dizem oferecer os melhores recursos na gestão da saúde de seus beneficiários e cumprir as determinações da ANS.
A Geap - Fundação de Seguridade Social conta que em 2009 não mediu esforços e reduziu em 62% as dívidas de mais de 90 dias com hospitais, médicos e fornecedores.
Procurado, Bradesco Saúde não se manifestou.
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