segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Derrota de Lauermann na eleição reflete os quatro anos do governo.

A derrota nas eleições de Luis Lauermann reflete o desgaste nacional do Partido dos Trabalhadores e está no rol de derrotas que este partido teve nas eleições deste ano. Porém não é só isso. É necessário fazer um balanço dos últimos quatro anos. O governo Lauermann foi eleito em eleição suplementar, depois do então prefeito Tarcísio Zimmermann, também do PT, não ter sua candidatura homologada. Lauermann herdou do governo anterior um plano de carreira insuficiente, uma relação complicada entre o titular da pasta da educação Beto Carabajal com a categoria e a insatisfação crescente dos professores com esta situação.

Os quatro anos do seu governo eram a chance de restabelecer o diálogo e construir uma alternativa de valorização do professor, fortemente atacada com o novo plano de carreira. Rapidamente não se confirmou. Não fez mudanças na Secretaria da Educação, deixando o desgastado secretário Beto (que só caiu após a greve de 2015), que trazia (e trará para sempre, tanto que as urnas mostraram isto) a marca da extinção do plano de carreira e da falta de diálogo.

Pouco se viu Luis Lauermann nas mesas de negociações. Pode-se contar nos dedos de uma mão. Foram três vezes que o prefeito se fez presente com representantes da categoria. A primeira foi no início do seu governo, em 2013, quando recebeu a comissão de negociação dos dois sindicatos. Depois, só recebeu novamente na greve de 2015, por duas vezes, sendo a primeira, quando os professores decidiram pela greve, o prefeito recebeu uma comissão. A segunda vez foi quando professores e servidores das demais categorias dos municipários “fixaram pé” no nono andar, com disposição para passar a noite, se necessário. Neste dia ele recebeu os presidentes dos dois sindicatos. Fora isto, apesar dos pedidos para que ele participasse das mesas de negociação, não se fez presente. Esta ausência do prefeito também foi determinante para o seu desgaste frente ao funcionalismo público municipal.

 Os seus representantes, secretários das mais diversas pastas, tampouco fizeram esforço para estabelecer diálogo. As reuniões foram marcadas pela truculência, tentativas de retardar a negociação e deboche por parte dos representantes do governo da pauta da categoria. Tanto que uma das marcas que este governo levará é esta truculência, a falta de disposição para negociação e a ausência de ações concretas em relação à pauta.

Luis Lauermann enfrentou uma greve de 30 dias, algo inédito. O estopim foi o parcelamento do dissídio, imposto pelo governo e que trouxe perdas salariais. Como já dito, foram necessárias ações mais radicalizadas para ter o prefeito reunido com representantes dos municipários. Mesmo com a gravidade da situação, uma greve que se estendia por várias semanas, com adesão impressionante, o prefeito fingia que nada acontecia. O resultado da greve foi a intensificação do seu desgaste e a queda do secretário de educação.



Neste ano, novamente parcelou o dissídio, descontou salário de professores grevistas, ameaçou com falta injustificada uma paralisação legítima em março (que só foi abonada após lei redigida e aprovada pela Câmara de Vereadores). Ainda houve um ensejo de avanços, principalmente na questão da reclassificação. Foram feitas reuniões para buscar uma alternativa, porém a falta de vontade política do executivo fez com que não se concretizasse.

Para o governo materializou-se o que foi dito muitas vezes na época da greve e das mobilizações seguintes: “Amanhã o meu voto vai faltar!”. Para a categoria serve a lição de que precisamos continuar a luta, independente de quem estiver na prefeitura, pois só ela pode trazer vitórias.



Um comentário:

Leandro Coimbra disse...

Assino embaixo. Ótimo balanço e texto muito bem escrito.