quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Vermelho de vergonha: crítica ao jornal NH

As ruas mostram o que a sociedade
pensa dos meios de comunicação

Uma das estratégias do modo de produção capitalista operar seu poder sobre a sociedade é dividindo-a. Primeiro no trabalho: trabalho intelectual e manual, e com o desenvolvimento das forças produtivas, em especializações e profissões. Depois, com base nesta primeira divisão, as categorias de gênero e sexualidade, idade, religião, nacionalidade, etnia etc. “Dividir e governar” é o lema. Racismo, homofobia, fundamentalismo religioso, nacionalismo, são, portanto, tijolos do mesmo edifício social.
Para difundir sua ideologia e operacionalizar seus conceitos, o capitalismo se serve das tecnologias de comunicação de massa. As empresas de comunicação são empresas privadas capitalistas, logo, defendem os interesses políticos deste modelo econômico. Claro que os mass media são revestidos da ideia de neutralidade, objetividade e interesse social como forma de legitimar seu discurso de classe.
O jornal NH do dia 27 de outubro deixou muito claro esta postura na coluna do jornalista João Carlos Ávila. Não há objetividade, neutralidade, nem, muito menos, interesse social. Ele faz uma crítica ao fato de uma professora da rede municipal ter recorrido à Justiça para garantir seu direito de fazer uma viagem científica à Holanda. Até aí é a opinião dele. Péssima opinião, mas ele tem o direito de achar o que quiser.
O problema é que o jornalista se revelou totalmente parcial, na medida em que se deu ao trabalho de colher a opinião do prefeito sobre o caso (inclusive com foto), mas não deu o direito de contra ponto à outra parte. Para quem fez uma faculdade de jornalismo, isso é inaceitável.
Faltou objetividade também. Uma vez que o jornalista não ouviu a outra parte, o texto carece de informações importantes, como o fato de que a referida professora estaria com horas sobrando (a prefeitura faz os professores trabalharem além da jornada e forma uma espécie de banco de horas) e que a escola já havia se organizado para substituir a trabalhadora em sala de aula.
E o interesse social também ficou de lado. Primeiro, como explicado acima, o município não gastou um único tostão, exceto por ter de pagar um advogado para sustentar a tese da impossibilidade da viagem.  Depois, porque ignorou o sentido da viagem: uma viagem de caráter científico e cultural, onde a professora estava apresentando um relatório a respeito do trabalho no Brasil com o tipo étnico a que pertence. A saber: o rutilismo (ruivo)é uma mutação gênica que altera a produção de melanina, deixando os cabelos vermelhos, a pele clara e a formação de sardas. Pessoas com estas características estão mais sujeitas ao câncer de pele.
O jornalista simplesmente ignorou estes fatos e agiu como se detivesse a verdade absoluta. Chegou ao cúmulo de, na sexta-feira, 9 de setembro, repercutir novamente a matéria, só que desta vez se utilizando da presidente do Sindicato dos Municipários. Este texto revela muito bem a tendenciosidade do referido jornalista: a declaração da sindicalista não tem conexão com a opinião colocada, mas a maneira como o texto é construído dá a entender que ela concorda com a opinião do colunista. Interessante é que a professora pertence ao Sindprof, e não ao GSFM. Porque o repórter não fez esta pergunta à entidade que representa legalmente a servidora?

Por fim, é preciso dizer que um dos problemas que sofrem os rutílicos é a discriminação social, o preconceito e o racismo, sendo o assédio moral muito comum nos ambientes que frequentam, da escola ao trabalho. E, como dito no início, estes são elementos do discurso que constrói o edifício da ideologia dominante e são difundidos pelos meios de comunicação de massa.

9 comentários:

Val disse...

Quem é mesmo o jornalista? Escreve o que mesmo? Pobrinho ele, né!?

Anônimo disse...

Por favor... o SINDPROFNH perdeu a completamente a noção... como tem coragem de apontar o dedo no nariz dos outros... querem dar um caráter de preconceito e perseguição a uma situação em que não se aplica, manipulando a opinião pública... quem não conhece... que compre essa historinha de viagem científica...e no ano passado??? Nova York??? Foto de noiva no FB??? Na mesma escola??? TUDO EM NOME DA CIÊNCIA... E DA POUCA VERGONHA!!! Com isso, o Sindicato só faz perder ainda mais sua pouca credibilidade.(Quero ver autorizarem este comentário)

Vera H. disse...

Quando um jornalista falta com a verdade, ou, distorce os fatos a favor de quem domina, deveria, no mínimo, ter seu direito de exercer a profissão, CASSADO!!!

Anônimo disse...

Veja bem. Não é só o colunista. É o jornal NH como um todo.
Um jornal sem concorrência se acomoda, manipula a informação e a publica a seu bel-prazer. O NH já cumpriu muitas vezes seu papel como meio de comunicação, mas isto ficou no passado. Perceba que a qualidade do jornal e de suas reportagens é, em 95% das vezes, sofrível e irrelevante.
Hoje, para manter seu padrão alcançado ao longo de décadas, o jornal faz uso de uma aproximação tendenciosa com a prefeitura e com grandes empresas. É a receita idêntica a de outros veículos pelo país.
Sem concorrência, o jornal está preso no comodismo e quem paga a conta é a cidade, que tem que ver a informação restrita a mãos pouco hábeis.

Sindprofnh disse...

Caro anônimo:

O recurso do anônimo é para pessoas que querem fazer uma denúncia ou manifestar uma opinião sem sofrer represálias de quem está no poder. O Sindprofnh não tem poder algum para perseguir ou assediar quem quer que seja.
Em segundo lugar, não tema pela publicação de seus comentários, pois o Sindprofnh não tem a mesma postura autoritária dos veículos de comunicação tradicionais, onde as opiniões que os contrariam não tem espaço (como demonstra a matéria citada).
O Sindidprof solicitou ao Grupo Sinos, administrativamente, direito de resposta, no que foi negado.
Um abraço.
Escreva sempre.

Vera Maria Hoffmann disse...

Quando esse anônimo disse que "o Sindprof perdeu completamente a noção", penso que deveria esta diante de um espelho a olhar pra si mesmo. Por favor, alguém que se dispõe, no anonimato, a gastar seu tempo para defender um "jornalista" que não tem o mínimo de ética, que falta com a verdade, distorce os fatos e, publica aquilo que lhe convem sem dar direito a resposta a uma das partes... Bah... esse anônimo sim: NÃO TEM UM PINGO DE NOÇÃO!!!

Vera Maria Hoffmann disse...

POR FAVOR!!!
Quem fica no anonimato para defender um "jornalista" que não sabe o que é ética, que falta com a verdade distorcendo fatos. Que joga palavras ao vento de forma tão irresponsável como fez João Carlos Ávila, publicando aquilo que queria, impondo a sua verdade aos leitores, ouvindo somente o lado que representa, negando direito de resposta a outra parte. Baaahhhh!!! Esse anônimo sim, PERDEU COMPLETAMENTE A NOÇÃO. Perdeu uma boa oportunidade de ficar de boca fechada. LAMENTÁVEL!!! A minha indignação com tudo isso é IMENSURÁVEL!!!

Anônimo disse...

Cara Vera M... algumas pessoas não se "escondem" no anonimato, elas apenas se protegem de pessoas inflamáveis como você... pessoas que não aceitam de forma nenhuma que um cidadão comum como eu, que não conchavo com nenhum partido político e muito menos conheço esse tal senhor Ávila, pense da forma que eu penso. Peço desculpa ao Sindiprof, pois creio ter sido um pouco grosseiro, mas essa história não é tão simples quanto aparenta. Acredito que sem noção de fato, sejam as pessoas que tomam uma verdade como absoluta e não procuram refletir. Sem noção são pessoas desequilibradas o suficiente para não conseguir perceber as partes de um todo para só então emitir um juízo. Sem noção, são funcionários públicos que pagos com o meu e com o seu dinheiro, mal aparecem para o trabalho... vivem de licença até para manicure. Sem noção são pessoas que dedicam anos e mais anos das suas vidas estudando, escolhem uma profissão e não honram seus diplomas. Vera, eu não fiquei chateado com você, sua reação era muito previsível.

Vera Maria Hoffmann disse...

Caro anônimo!!!
Com todo respeito, lhe convido a refletir sobre algumas afirmações que fez:
I) Você afirma: “algumas pessoas não se "escondem" no anonimato, elas apenas se protegem de pessoas inflamáveis como você... pessoas que não aceitam de forma nenhuma que um cidadão comum como eu (...) pense da forma que eu penso.
Pergunto: Proteger-se de pessoas como eu? Eu que sou inflamável e não aceito de forma alguma que alguém pense de forma diferente?
Quem colocou o dedo no nariz do Sindicato que me representa, foi você, afirmando que o mesmo “não tinha noção”; foi você que saiu em defesa de um jornalista sem ética, que falta com a verdade, distorce os fatos e foi completamente parcial. Bem como um jornal que não quis ouvir a versão do Sindicato. Ainda, quanto ao fato de proteger-se, precisamos sim nos proteger de pessoas que são iguais a “lobos disfarçados em pele de cordeiro”, que agem pelas costas, que lançam palavras de forma irresponsável, buscando enxovalhar a imagem do próximo na tentativa de tirar algum tipo de proveito. Engana-se ao dizer que sou uma pessoa “inflamável”. Sou sim, uma pessoa que defende a verdade, a transparência e a imparcialidade. O contrário me provoca indignação. E, quando desejo fazer algum comentário, jamais deixo de me identificar, isso me provocaria um sentimento de covardia.
II) Quando você afirma que: “Sem noção, são funcionários públicos que pagos com o meu e com o seu dinheiro, mal aparecem para o trabalho... vivem de licença até para manicure.” Se você tem conhecimento de casos assim, então, denuncie!
III) Quando você diz: “Vera, eu não fiquei chateado com você, sua reação era muito previsível”. Eu também não estou chateada com você, somente decepcionada por pensar que uma pessoa que, também passou anos buscando formação, provavelmente na área da Educação, possa ter um olhar tão limitado. E, para finalizar, não entendi como você afirma com tanta propriedade que minha reação era previsível.
Peço desculpas aos demais seguidores do http://sindprofnh-noticias.blogspot.com.br por responder a comentários de alguém no anonimato e, prometo não mais fazê-lo. Todavia, o SINDPROFNH me representa, me acrescenta, e, quando alguém o ataca de forma covarde, ataca também a mim. Se alguém quiser discutir pontos de vista, sou uma pessoa que preza pelo diálogo e penso que somente através dele podemos construir um mundo melhor, mas, por favor, sem utilizar a máscara do anonimato!

Conforme Paulo Freire:
“A pessoa conscientizada tem uma compreensão diferente da história e de seu papel nela. Recusa acomodar-se, mobiliza-se, organiza-se para mudar o mundo.” (Cartas à Cristina, 1994.).