terça-feira, 24 de maio de 2011

A MANIPULAÇÃO DA MÍDIA...

Na segunda feira, dia 18 de maio, nossa escola foi “sorteada” para uma fazer parte de uma série sobre educação do JN, onde um especialista, que ficou por mais ou menos duas horas, fez uma avaliação apontando os problemas que fazem com a esta escola seja considerada a ”pior” do município, pois somos medidos pelo índice, que privilegia poucos, fazendo com que me questione porque será não conseguimos essa faceta de identificação tão rápida, pois levamos cerca de dois anos no mínimo para fazer uma pesquisa de mestrado onde realmente apontem quais os indicadores que levam os índices de avaliação serem tão baixos.
A equipe de jornalismo ficou na escola durante quase toda a manhã, entrevistou a diretora e três professores, não conversou com a coordenação pedagógica, que por sua vez é a mais implicada diretamente com os índices e tem um árduo trabalho para que estes se revertam. Não visitou a Sala Multifuncional, que atende mais de 30 alunos com NEE, o laboratório de aprendizagem que atende 80 alunos com dificuldade de aprendizagem, nem viu as aulas de reforço que estavam acontecendo na biblioteca. Não viu o projeto de Artes com os adolescentes, nem assistiu o treino de handebol, futsal e xadrez, que a professora de educação-física proporciona em turno oposto, no vespertino e até em sábados pela manhã.
Quando o entrevistador questionou a professora porque tem aluno de treze anos que não sabe ler, não se importou, nem questionou sua trajetória de vida, suas limitações e o não acompanhamento médico, que a escola solicita a mais de três anos e pela deficiência de uma rede de apoio, ainda não chegou a sua vez de ser atendido e quando for atendido ficará mais alguns meses ou anos para fazer os exames que lhe ajudará ou não.
Também não foi questionada a diretora sobre a capacitação dos professores, pois se fosse saberia que 50% do grupo de professores são professores especialistas em educação, sendo que os demais têm graduação e outros são mestres. Somos um grupo capacitado, que acredita sim na educação, que não está acomodado pelas condições que a comunidade nos oferece, pois o nosso fardo além do ensinar, é de acalentar, educar e muitas vezes de consolar. Consolar famílias que vivem as piores misérias já vistas em nosso município, de “dar um colo”, para crianças que perdem seus familiares para as drogas, para o tráfico e a violência e até pelas forças da natureza... 
Ensinamos! Ensinamos muito, não nos deixamos abater pela situação, pedimos apoio, sim. Apoio, pois já estamos no final de um trimestre e nosso quadro de professores ainda não está completo, não temos hora planejamento, como é previsto por lei e as demais escolas, com índices IDEB bem alto têm desde março. Mas mesmo assim, diariamente planejamos muito bem nossas aulas, utilizamos multimídia, materiais diversos e fazemos com que o universo tão “feio” e triste, que nossas crianças vivem, fique mais colorido e mais esperançoso.
Desculpas, senhor especialista e equipe de jornalismo do JN, mas não estamos acomodados com a nossa realidade, acreditamos nas potencialidades dos nossos alunos, fazemos o possível e o impossível para que eles aprendam e temos muita esperança de ver um futuro melhor.

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