terça-feira, 30 de outubro de 2012

CRESCIMENTO DE CURSOS QUE FORMAM PROFESSORES FICA ESTAGNADO EM 2011

O número de formandos em cursos que preparam professores para lecionar física e matemática nas escolas básicas caiu no ano passado, apontam estatísticas oficiais do Ministério da Educação.
Juntamente com química, elas estão entre as matérias que possuem maiores deficits de docentes nos colégios fundamentais e médios do país, principalmente nos públicos.
O panorama faz com que o próprio governo reconheça que os cursos de formação de professores deveriam crescer.
As três áreas, em geral, se expandiam fortemente até 2010 (em ingressantes, concluintes e matrículas).
No ano passado, porém, elas pararam de crescer. E chegou a haver recuo de 8% nos formandos em física e de 6% em matemática.
As informações estão presentes no detalhamento do Censo da Educação Superior 2011, divulgado ontem.
 
NOVAS ESCOLAS
"O governo entende que não é o momento de parar de crescer nessas áreas", disse o presidente do Inep (instituto do ministério responsável pelas estatísticas), Luiz Cláudio Costa, escolhido pela pasta para comentar os dados.
Segundo ele, o panorama atual pode estar relacionado a um assentamento após a expansão rápida recente.
Mas ele afirma que o governo tentará retomar a aceleração, com novas universidades e institutos federais, que terão cursos de licenciatura.
O último levantamento do ministério, de 2008, aponta que nessas três matérias faltavam mais de 160 mil professores nas escolas básicas do país --situação que atinge até Estados ricos como São Paulo, que precisam recorrer a docentes reprovados ou que nem foram avaliados.
Em 2011, foram formados 14 mil universitários para a docência nessas disciplinas. Número inferior, por exemplo, ao de direito (95 mil).
 
ATRATIVIDADE
Além de ter caído o crescimento nos cursos para formar docentes, outro problema que o país enfrenta é o volume de recém-formados que desistem do magistério.
"Principalmente nessas três matérias, poucos dos meus alunos querem seguir dando aulas", afirmou a professora da Faculdade de Educação da USP Paula Louzano.
A impressão já foi confirmada em estudo da própria universidade, que perguntou aos calouros de licenciatura em física e em matemática de 2010 se eles gostariam de seguir no magistério. Quase a metade disse que não.
Segundo o ministério, a carreira docente tem melhorado, o que terá impacto na atratividade para cursos que formam professores e na retenção dos formados.
Uma das principais melhorias, diz a pasta, foi a adoção do piso salarial nacional (R$ 1.451) --que garante que o professor fique 1/3 da jornada fora da sala de aula (em atividades como preparação de aulas e correção de prova). 

FÁBIO TAKAHASHI
FOLHA DE SÃO PAULO, 27/10/2012

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