sábado, 16 de abril de 2016

XX Congresso Brasileiro de Educação Infantil e a importância da formação e valorização docente



            Nos dias 14 e 15 abril, ocorreu o XX Congresso Brasileiro de Educação Infantil da Omep, na Universidade Feevale. 
       Professoras e professores de Educação Infantil da Rede pública de Novo Hamburgo (assim como o público em geral) estavam presentes nos dois dias do evento.

            Na abertura, o prefeito Luis Lauermann estava presente e discursou,  enfatizando para a plateia o fato de a gestão de seu partido ter inaugurado 11 escolas de Educação Infantil na nossa cidade, sem mencionar o fato de que a grande maioria dessas escolas é terceirizada.
 
            A Secretária de Educação, Cristiane Sousa, também fez uso da palavra na abertura do evento, destacando que a Educação Infantil é referência no nosso estado e também fez menção ao fato da inauguração das 11 escolas, mas não mencionando que essas são terceirizadas. 

            O Congresso contou com a participação de professores/as e doutores/as renomados/as que pensam acerca da infância e da Educação Infantil, como Lydia Hortélio, Zilma de Oliveira, Maria da Graça Horn, Tânia Fortuna, Lea Tiriba, Paulo Fochi, entre outros nomes de peso. 
Paulo Fochi

            Dentre todas as contribuições dos/das mestres e doutores/as, ficou claro em cada fala a importância da formação docente, da atualização, da intencionalidade pedagógica, das problematizações acerca da infância contemporânea. Professores e professoras que participaram do evento consideraram o momento de grande valia para troca de experiências e aprendizado, no entanto, em contrapartida, como é de conhecimento da maioria, quem é mais desvalorizado aqui em Novo Hamburgo são as professoras e professores da Educação Infantil, pois deles é exigido apenas e somente o Magistério (Pedagogia não é a formação aceita para tomar posse) e, ainda, a professora/professor que cursa nível superior não tem previsão de igualdade de salário aos docentes que ingressaram com o nível superior. E as/os professoras/es que ingressaram na Rede através do concurso prestado em janeiro de 2010 não estão ganhando sua reclassificação que está prevista no artigo 50 do plano de carreira (para os que ingressaram a partir do concurso prestado em janeiro de 2012 já não está mais prevista essa reclassificação). Para piorar a situação, professores e professoras podem levar 15 (!) anos para ter um aumento de 5% no salário caso faça um mestrado, por exemplo.

Maria da Graça Horn
            Agora, diante dessa situação que não é novidade e de todas as discussões que foram promovidas no Congresso,  que ressaltam a importância da qualidade da educação infantil como modalidade da educação básica,  fica a pergunta que não cala: que qualidade Novo Hamburgo quer para a sua educação infantil, uma vez que não estimula a contínua formação docente e não reconhece a formação superior das/dos professoras/es que atuam na Educação Infantil? É possível ter qualidade na educação pública sem investir na carreira do/da professor/professora? 

            Ao que parece, há contradição entre discurso e prática da atual gestão, pois ela reconhece que a Educação Infantil de Novo Hamburgo tem muita qualidade (quem faz a qualidade da educação são, principalmente, as/os professoras/es que estão na sala de aula todos os dias), reconhece a importância da formação, pois possibilita a participação docente num Congresso que traz muitas questões a se (re)pensar na educação, mas terceiriza a Educação Infantil e não reconhece a formação superior das professoras e professores que estão atuando nesse nível de ensino.  Será que, nesse ritmo, num futuro próximo, ainda teremos professoras e professores formados no nível superior, especialistas, mestres e doutores atuando na Educação Infantil em Novo Hamburgo? Ou esses irão em busca de reconhecimento e valorização em outros espaços? Se há tanta gente pensando e discutindo a qualidade da Educação Infantil,como as que estiveram ministrando mesas temáticas no Congresso, por que nossas professoras e professores da EI  necessitam somente da formação nível médio para assumir o cargo e, ainda, não têm reconhecimento se seguem adiante com seus estudos? Bem, as perguntas são muitas. E está mais do que na hora de termos respostas! 


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